Em depoimento prestado em 2 de maio à Polícia Federal em Curitiba, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro confirmou a pressão que sofreu do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para trocar o comando da superintendência do Rio de Janeiro. De acordo com ele, o presidente teria mandado uma mensagem via WhatsApp com o seguinte teor: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”. A íntegra do documento foi publicada pela CNN com exclusividade nesta terça-feira (5).
Sergio Moro afirmou que estava em Washington, com o delegado Maurício Valeixo, ex-diretor-geral da PF, em março deste ano, quando recebeu a mensagem de Bolsonaro por WhatsApp. O arquivo da conversa foi entregue para a Polícia Federal.
“No começo de março de 2020, estava em Washington, em missão oficial com o Dr. Valeixo; que recebeu mensagem pelo aplicativo Whatsapp do Presidente da República, solicitando, novamente, a substituição do Superintendente do Rio de Janeiro, agora Carlos Henrique, que a mensagem tinha, mais ou menos o seguinte teor: “Moro você tem 27 Superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro”, diz trecho do depoimento.
De acordo com Moro, ele e o delegado Valeixo pensaram em aceitar a troca para evitar crise com o presidente. No entanto, Valeixo declarou que não poderia ficar no cargo caso a troca no comando da PF no Rio ocorresse sem um motivo técnico. De acordo com o depoimento, a insistência de Bolsonaro em mudar a direção da corporação em solo carioca começou em janeiro, mas se intensificou em março.
Moro ainda afirmou que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos Superintendentes e que a escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal. O ex-ministro, ainda explica que nem mesmo indicou o Superintende da Polícia Federal do Paraná.
"Esclarece que não nomeou e não era consultado sobre as escolhas dos Superintendentes; que essa escolha cabia, exclusivamente, à Direção Geral da Polícia Federal e que nem mesmo indicou o Superintendente da Polícia Federal do Paraná”, diz o trecho.
Moro pede que a motivação das alterações solicitadas na estrutura da PF sejam questionadas ao próprio presidente. O ex-ministro ainda disse que “não confirmou que o presidente cometeu algum crime”. De acordo com ele avaliações sobre o fato "cabe às Instituições competentes".
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa