Em reunião com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e o do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, um empresário disse, na manhã desta quinta-feira (7), que se nada for feito para salvar a economia durante a pandemia de coronavírus, “haverá mortes de CNPJs”. A declaração gerou reações de várias pessoas nas redes sociais, inclusive de deputados e do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz.
A população não pode mais cair em provocações que opõem dois valores e colocam o brasileiro para brigar. Raciocínios pobres, argumentos rasos, metáforas incabíveis. CNPJ na UTI? Já são mais de 8 mil CPFs perdidos, sem chance de recuperação! Não validemos este debate lunático.
— Felipe Santa Cruz (@felipeoabrj) May 7, 2020
O deputado Marcelo Freixo (PSOL/RJ), que integra a oposição ao governo Bolsonaro também criticou a frase: “Empresário mais preocupado com CNPJ do que com gente. Ministro da Saúde reclamando do uso de leitos privados por doentes do SUS. Prefeito arriscando a vida de domésticas para agradar a patrões. Fundador da XP desprezando mortes nas favelas. Não é só contra o corona que estamos lutando”, reagiu.
A frase foi dita quando o empresário (ainda não identificado) explicava para Toffoli a necessidade de abrir o comércio.
A frase foi dita quando o empresário (ainda não identificado) explicava para Toffoli a necessidade de abrir o comércio.
“Vou plagiar o ministro Paulo Guedes: nos sinais vitais, a indústria está rodando a 40 dos 100 possíveis do sinais vitais . O ambiente econômico produziu o socorro às pessoas e às empresas na medida que foi possível. Agora, quando terminar o socorro às pessoas, as empresas vão estar fragilizadas, disse o empresário do setor de brinquedos.
Ele ainda frisou que o grupo de empresários que o acompanhava era responsável por 30 milhões de empregos.
O empresário continuou: “O que a gente não queria é que, por conta de ter estado junto no combate a pandemia, o meu coração que está batendo a 40, eu não consigo retomar, os funcionários caem de novo na nossa folha. Aí eu tenho um inimigo lá fora que é meu adversário comercial, prontinho para suprir o mercado interno. Aí então haverá a morte de CNPJ”, finalizou.
Ele ainda frisou que o grupo de empresários que o acompanhava era responsável por 30 milhões de empregos.
O empresário continuou: “O que a gente não queria é que, por conta de ter estado junto no combate a pandemia, o meu coração que está batendo a 40, eu não consigo retomar, os funcionários caem de novo na nossa folha. Aí eu tenho um inimigo lá fora que é meu adversário comercial, prontinho para suprir o mercado interno. Aí então haverá a morte de CNPJ”, finalizou.
Conforme o último boletim do Ministério da Saúde, de quarta-feira, o Brasil registra 8.536 mortes por COVID-19 e 125.218 casos positivos da doença. Vários estados já estão com taxas de ocupação de UTIs próximas de 100% e em algumas cidades a situação está fora de controle. Na capital do Amazonas, Manaus, devido ao crescente número de mortos, o setor funerário luta para não entrar em colapso.
A situação também é gravíssima em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco, estados com maior número de casos da COVID-19. Em São Luís, no Maranhão, e em Belém, no Pará, governadores já optaram por declarar o lockdown (fechamento total do comércio), para conter o avanço da doença.
Conforme dados da universidade americana Johns Hopkins, o Brasil é o sexto país com maior número de mortes por coronavírus e o nono em número de casos. Vale ressaltar que o total de testes no país ainda é muito menor do que os realizados em outros países.
Reunião
Nesta manhã, acompanhado de empresários de vários setores, o presidente Jair Bolsonaro atravessou a Praça dos Três Poderes em Brasília a pé para uma reunião no gabinete do presidente do STF. O encontro foi marcado de última hora e não estava previsto na agenda do ministro Dias Toffoli.
A reunião foi transmitida ao vivo pelas redes sociais de Jair Bolsonaro, que pediu ao presidente do STF ajuda para amenizar as medidas restritivas nos estados.Toffoli, porém, reiterou a autonomia dos estados e municípios para decidir medidas de isolamento social e sugeriu que ele dialogasse com governadores e prefeitos.
Bolsonaro ainda estava acompanhado de ministros, entre os quais, Walter Souza Braga Netto, da Casa Civil, Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, e Paulo Guedes, da Economia.
O senador e filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), e o deputado Hélio Lopes (PSL/RJ) também faziam parte do grupo.
*Estagiário sob supervisão do subeditor Eduardo Murta