O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), comentou sobre a reunião feita entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e um grupo de empresários, nesta quinta-feira (7), no Supremo Tribunal Federal (STF). O debate teve como intuito discutir a flexibilização do isolamento social. Maia viu a conversa como ‘preocupante’.
Na visão do parlamentar, faltou embasamento para Bolsonaro falar sobre o assunto, uma vez que nenhum membro do Ministério da Saúde estava presente na reunião. Maia classificou como ‘equivocada’ uma conversa somente com os empresários, dizendo que uma possível flexibilização poderia colocar vidas em risco.
“É um episódio que nos preocupa. Do meu ponto de vista, sem querer polemizar, acho que para tomar uma decisão dessa, ele deveria estar ao lado do Ministro da Saúde, explicando os motivos que ele vai colocar em risco milhares de trabalhadores de renda mais baixa, que precisam do sistema público de saúde, que não têm seus planos de saúde para enfrentar a pandemia e a contaminação em um ótimo hospital privado. Na hora que a decisão é tomada com empresários, me parece uma sinalização equivocada para a sociedade brasileira”, disse Maia, em entrevista à Globo News.
Maia destacou que o Brasil não pode receber ‘pressão’ do setor privado sobre a flexibilização do isolamento social, dizendo que a decisão, sem a chancela de algum representante legal da área da saúde, não traz segurança para a população.
“A gente não pode, por pressão do setor privado, colocar vidas em risco. A gente entende a situação do setor privado. A Câmara dos Deputados foi a primeira a cobrar do Ministro da Economia, ainda no dia 10 de março, quais seriam as ações do governo para os impactos que o coronavírus iria ter na economia, não apenas na proteção das vidas. Infelizmente, o que a gente viu hoje, foi uma decisão, pressionada pelo setor produtivo, que precisa tomar cuidado. É claro que a sociedade vai sempre priorizar as vidas. Sabemos que vamos ter desemprego, aumento da informalidade, mas isso vai passar mais rápido e a retomada será mais forte se seguirmos as decisões do Ministério da Saúde, das secretarias da saúde e dos técnicos. Se hoje ele estivesse ao lado do Ministro da Saúde, geraria mais segurança”, concluiu.
Reunião no STF
Nesta manhã, acompanhado de empresários de vários setores, o presidente Jair Bolsonaro atravessou a Praça dos Três Poderes em Brasília a pé para uma reunião no gabinete do presidente do STF. O encontro foi marcado de última hora e não estava previsto na agenda do ministro Dias Toffoli.
A reunião foi transmitida ao vivo pelas redes sociais de Jair Bolsonaro, que pediu ao presidente do STF ajuda para amenizar as medidas restritivas nos estados. Toffoli, porém, reiterou a autonomia dos estados e municípios para decidir medidas de isolamento social e sugeriu que ele dialogasse com governadores e prefeitos.
Bolsonaro ainda estava acompanhado de ministros, entre os quais, Walter Souza Braga Netto, da Casa Civil, Fernando Azevedo e Silva, da Defesa, e Paulo Guedes, da Economia.
O senador e filho do presidente da República, Flávio Bolsonaro (Republicanos/RJ), e o deputado Hélio Lopes (PSL/RJ) também faziam parte do grupo.