O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), publicou, nesta sexta-feira, no Twitter, um vídeo com falas críticas do cantor Ferrugem às medidas de restrição social tomadas pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB). No entanto, ao postar as declarações, Eduardo não explicou que a opinião foi dada pelo artista em 19 de abril, quando o estado somava 14.267 infecções por coronavírus e 1.015 mortes. Para efeitos de comparação, segundo o mais recente boletim da Secretaria Estadual de Saúde, divulgado nesta sexta, são 41.830 casos confirmados e 3.416 óbitos por conta da doença em solo paulista.
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Lotação de UTIs na capital paulista supera 80%, diz CovasDoria desiste de flexibilização e prorroga quarentena em SP até o dia 31 de maio'Pode ser que pegue e venha a falecer, mas o que a gente pode fazer?', diz Eduardo Bolsonaro sobre possibilidade de suas avós contraírem COVID-19Eduardo Bolsonaro erra inglês ao agradecer embaixador dos EUA: "Embassador"“Esse negócio de monitoramento em celulares é uma palhaçada. Tenho que falar. Ninguém faz monitoramento no presídio — onde um monte de bandidos falam ao celular — e a gente, que é cidadão de bem, tem que ser monitorado”, protestou o artista.
Ao resgatar o trecho do show, Eduardo Bolsonaro classificou as falas de Ferrugem como um “puxão de orelha” em Doria. Em outro momento, o cantor critica prisões de pessoas por conta do descumprimento do isolamento. Dias antes, em Araraquara, no interior paulista, uma mulher havia sido detida por violar decreto municipal que proibia a utilização de praças e parques em virtude da pandemia.
“Senhor governador de São Paulo, pelo amor de Deus, não faça mais isso. Você não pode pedir para que o policiamento vá atrás do trabalhador e bote ele dentro de casa se o senhor não tem a coragem de mandar cestas básicas para ajudar as famílias”, opinou Ferrugem.
Antes de mencionar a atuação das forças de segurança, o cantor cita uma “inversão de valores”. “Se você puder, fique em casa. Se você não puder, vá à luta. Trabalhar nunca foi vergonha para ninguém. Está havendo, na internet e na mídia, uma inversão dos valores, e o trabalhador tem sido visto como bandido”, comentou.
SP pode chegar a 11 mil mortes
Nesta sexta-feira, o Executivo estadual anunciou a prorrogação da quarentena até 31 de maio. Projeções do governo indicam que São Paulo pode, até o fim deste mês, ultrapassar a marca de 11 mil vítimas fatais da infecção. Há a chance, também, de um salto para 100 mil no número de confirmações. Os possíveis números foram citados pelo coordenador interino do Centro de Contingência do Coronavírus e presidente do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.Dimas ocupa, provisoriamente, o posto que era do médico infectologista David Uip. Ele está afastado do cargo justamente por ter contraído a COVID-19.