Em meio aos números cada vez mais preocupantes de mortes e pacientes detectados com coronavírus no país, o presidente Jair Bolsonaro manterá os planos de fazer um churrasco no Palácio da Alvorada neste sábado. Se o evento antes contaria com a presença de 30 pessoas, o presidente foi além e assegurou que chamou 1,3 mil pessoas para uma confraternização. Segundo Bolsonaro, o evento, que contraria as normas do Ministério da Saúde, pode se transformar numa “peladinha, que não vai ter bebida”. Com o país prestes a completar 10 mil óbitos por COVID-19, a reação pelas redes sociais foi de repúdio à declaração do chefe do Executivo.
Perguntado em Brasília nesta sexta-feira sobre quantas pessoas iriam de fato ao churrasco, Bolsonaro foi direto: “Setecentas pessoas confirmaram aqui. Oitocentas pessoas no churrasco… Espera aí, quem vai aqui? Novecentas pessoas no churrasco amanhã […] Tem mais um pessoal de Taguatinga: 1.100 pessoas no churrasco! Está todo mundo convidado aqui: 1.300 pessoas no churrasco amanhã! Mas quem estiver amanhã aqui… Se tiver mil, a gente bota para dentro.”
Bolsonaro claramente se mostra contrário às ideias de isolamento social propostas pelas autoridades de saúde. Frequentemente, ele é visto nas ruas de Brasília cumprimentando pessoas em aglomeração e sem usar nenhum tipo de proteção para nariz e boca.
O presidente também disse que pretende visitar a mãe daqui a duas semanas. Pertencente ao grupo de risco do coronavírus, Olinda Bolsonaro tem 93 anos e mora em Eldorado, região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo.
Candidato à presidência pelo Partido Novo em 2018, João Amoedo afirmou que Bolsonaro não tem sensibilidade: “Enquanto o ministro da Saúde fala que poderá recomendar o lockdown, o presidente leva empresários para pressionar o STF e avisa que fará um churrasco para amigos. Seguimos assim batendo recorde de mortes diárias, sem um direcionamento e reféns da falta de sensatez do presidente”.
Renê Silva, representante do movimento Voz das Comunidades, também repudiou a ideia do presidente: “Agora, me diz você (sic)... Que argumentos eu vou usar pra quem mora aqui na favela ao tentar dizer pra não ter churrasco com família toda no dia das mães? Bolsonaro vai fazer churrasco para 30 pessoas
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disparou contra Bolsonaro e alega que ele não se preocupa com o atual problema do Brasil: “Em meio à uma pandemia que já matou mais de 9 mil pessoas no país, Bolsonaro não só irá aglomerar, mas fará um churrasco. Para comemorar o que? A dor das famílias? O colapso do sistema de saúde? O sacrifício dos profissionais? GENOCIDA!”
Numa rede social, o professor de literatura Felipe Pena foi outro que desaprovou o discurso do chefe do Executivo: “Ontem houve a marcha dos 9 mil mortos. Amanhã haverá o churrasco dos 10 mil. Bolsonaro celebra a morte e segue impune. Cadê o exame? Cadê a gravação? Cadê o Queiroz?”.
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o presidente só prejudica o país com ações como essa: “E Bolsonaro vai fazer um churrasco pra 30 pessoas. É surreal ver como Bolsonaro age para agredir o país, agredir as famílias de doentes e mortos, de enviar mensagem criminosa contra as normas de saúde.
A internauta Nana Alencar fez alusão do churrasco com o aumento de vítimas no país pela COVID-19: "É desesperador morar em um país onde o presidente marca um churrasco em meio à pandemia de coronavírus pra mostrar mais uma vez à população o quanto não se importa com as milhares de vida que perdemos e que perderemos".
Alexandre Macedo chamou Bolsonaro de psicopata pela ideia num momento de perdas seguidas de vidas humanas: Um presidente da República que, no auge da pandemia, diz que vai fazer um churrasco no final de semana, com direito a peladinha com os amigos, só pode ser mesmo um autêntico psicopata".