O ministro Alexandre de Moraes manteve a suspensão da nomeação do diretor da Abin, Alexandre Ramagem, para a chefia da Polícia Federal. Como o decreto de nomeação já foi anulado pelo Planalto, o ministro julgou prejudicado o objeto da ação movida pelo PDT contra a indicação.
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Bolsonaro indica que desistiu de Ramagem e dá indireta ao STF: 'Chegamos ao limite, não tem mais conversa'Suspensão de nomeação de Ramagem foi baseada em 'fato incontroverso', diz CardozoErnesto Araújo classifica FHC e ex-ministros como 'paladinos da hipocrisia'Governo entrega ao Supremo vídeo de reunião ministerial citada por MoroGenerais vão depor dia 12 no inquérito de Moro contra Bolsonaro no STFJustiça manda União cumprir decisão que obrigou Bolsonaro a entregar exameMais cedo, a Advocacia-Geral da União pediu a Moraes que reconsidere a decisão liminar que suspendeu a nomeação e posse do delegado Alexandre Ramagem como diretor-geral da Polícia Federal.
Documento assinado pelo advogado da União José Affonso de Albuquerque Netto registra que o pedido se dá "a fim de que o ato possa ser validamente renovado" pelo presidente Jair Bolsonaro. Desde a última segunda, 4, a PF já tem um novo chefe, o delegado Rolando Alexandre, braço direito de Ramagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
A insistência de Bolsonaro por Ramagem, seu amigo e de seus filhos, provoca mal estar e desconfiança na corporação. Afinal, ele nomeou Rolando Alexandre, mas não abre mão do barrado por Alexandre de Moraes. Delegados ouvidos pelo Estadão ponderam que a nova cúpula da instituição pode ficar insegura para iniciar sua gestão, vez que o presidente insiste o aliado que o acompanha desde que foi eleito.
Alexandre suspendeu a nomeação de Ramagem na última quarta, 29, poucas horas antes da posse do delegado. A decisão acolheu a pedido apresentado pelo PDT e considerou que haveria necessidade de impedir o ato tendo em vista as declarações do ex-ministro Sérgio Moro sobre tentativa de interferências na autonomia da corporação, a divulgação de mensagens trocadas com o ex-ministro e a abertura do inquérito no próprio Supremo para investigar as acusações.
Após a decisão de Alexandre, na cerimônia que empossou o novo ministro da Justiça, André Mendonça e o AGU, José Levi, e também incluiria Ramagem, Bolsonaro chegou a afirmar que não desistiu do sonho de ter o delegado à frente da corporação no futuro.
A Advocacia-Geral da União informou que não iria recorrer da liminar que barrou o delegado, mas depois o presidente desautorizou o órgão dizendo que o governo vai tentar reverter a decisão. "Quem manda sou eu", afirmou Bolsonaro a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada. "Eu quero o Ramagem lá. É uma ingerência, né? Mas vamos fazer tudo para o Ramagem. Se não for, vai chegar a hora dele e eu vou botar outra pessoa", disse.