O ex-diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, está na sede da corporação em Curitiba desde às 10h desta segunda, 11, prestando depoimento no âmbito do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação. O depoimento seguia em andamento até às 13h é possível que haja intervalo.
Os investigadores também vão ouvir nesta segunda o delegado Ricardo Saadi e o diretor da Agência Brasileira de Inteligência Alexandre Ramagem Rodrigues, em audiências marcadas para as 15h no edifício sede da PF, em Brasília.
As oitivas foram agendadas em atenção à determinação do ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. As audiências foram autorizadas, por sua vez, com base em pedido feito pelo procurador-geral da República Augusto Aras após o depoimento de mais de oito horas prestado por Moro no último dia 2.
Valeixo e Saadi estão envolvidos na primeira tentativa do Planalto de trocar o comando da PF no Rio. O primeiro foi ainda pivô da exoneração de Moro do governo e da abertura do inquérito no Supremo.
Já Alexandre Ramagem - amigo da família Bolsonaro - foi indicado por Bolsonaro para substituir Valeixo mas não chegou a tomar posse por decisão liminar do ministro Alexandre de Moraes. A União revogou a indicação em seguida e nomeou Rolando Alexandre de Souza para a chefia da PF, mas o presidente segue insistindo em seu preferido.
As três oitivas marcam o início da série de depoimentos que serão prestados nesta semana no âmbito da investigação sobre as acusações feitas por Moro a Bolsonaro ao anunciar sua saída do governo.
As audiências seguintes serão realizadas nesta terça, 12, no Palácio do Planalto e vão envolver três ministros próximos do presidente: Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo). Os três foram listados por Moro como testemunhas de ameaças proferidas pelo presidente contra o ex-ministro caso ele não concordasse com a troca da direção-geral da PF.
Na quarta, 13, a PF vai ouvir Carlos Henrique de Oliveira Sousa, ex-chefe da PF no Rio, convidado por Rolando Alexandre para a diretoria-executiva da PF, Alexandre da Silva Saraiva, chefe da PF no Amazonas também envolvido na primeira crise pública entre Moro e Bolsonaro, e ainda a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) que deverá esclarecer a troca de mensagens com Moro em que pede ao ex-ministro que aceite a mudança na direção-geral da PF solicitada por Bolsonaro e, em troca, diz que se comprometeria 'a ajudar' com uma vaga no STF.
A única oitiva determinada por Celso de Mello e não agendada ainda é a doo ex-chefe da corporação em Minas, Rodrigo Teixeira.
No último fim de semana, o decano autorizou que PF designe novas audiências caso seja necessário reinquirir as testemunhas diante do conhecimento do que se passou na reunião ministerial de 22 abril, na qual, segundo Moro, o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado a substituição do diretor-geral da PF e do superintendente no Rio. O vídeo foi entregue pelo governo ao STF na noite desta sexta, 8, e Celso de Mello decidiu colocar temporariamente sigilo sobre o material.