Após assistir ao vídeo de reunião entre o presidente Jair Bolsonaro e ministros nesta terça-feira (12/5), o advogado do ex-ministro Sérgio Moro, Rodrigo Sánchez Rios, afirmou que "o material confirma integralmente as declarações" do ex-juiz federal no anúncio de sua demissão no dia 24 de abril, e em depoimento à Polícia Federal, no último dia 2.
"É de extrema relevância e interesse público que a íntegra desse vídeo venha à tona. Ela não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional", informou o advogado. A gravação, feita no último dia 22 de abril, foi apontada por Moro com uma das provas da acusação que fez contra Bolsonaro de interferência política na corporação. O ex-juiz federal ficou na PF por quase 7 horas, nesta terça-feira (12).
O vídeo foi entregue à PF após decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, que relata o inquérito que investiga possível interferência política de Bolsonaro na PF.
No dia em que pediu demissão, Moro disse que saía do Ministério da Justiça e Segurança Pública após presenciar reiteradas tentativas de Bolsonaro de interferir politicamente da PF. No seu depoimento, que durou mais de oito horas, ele reafirmou que pediu demissão com o intuito de preservar a autonomia da PF e que o presidente já mostrou a intenção de ter acesso a relatórios de investigações feitas pela corporação.
Estão sendo ouvidos nesta terça-feira os ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (secretaria de Governo) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional). Eles foram chamados porque estiveram presentes na reunião ocorrida em abril. No dia 2 de maio, Moro também disse em seu depoimento que os ministros em questão tinham presenciado conversas entre ele e o presidente na qual Bolsonaro teria feito solicitado a troca do comando na PF.