O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou, na última sexta-feira (8), a proibição da doação de sangue por parte de homens que mantiveram relação sexual com outros homens nos últimos 12 meses. A Assembleia Legislativa vai votar, na próxima quinta-feira (14), em turno único, um projeto que extingue a medida restritiva em Minas Gerais. Durante a reunião plenária desta terça-feira, deputados estaduais divergiram sobre o assunto. A proposta foi defendida por seu autor, Cristiano Silveira (PT), e pelo relator do texto, Guilherme da Cunha (Novo). Bruno Engler (PRTB), contudo, teceu críticas à ideia.
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Uma portaria elaborada pelo Ministério da Saúde em 2016 trata, justamente, da proibição da doação feita por homens que se relacionam sexualmente com outros homens.
“O projeto coloca em risco a pessoa mais vulnerável, que é quem vai receber o sangue. O homossexual que está em celibato há mais de um ano pode doar sangue. Ele não é impedido de doar por sua orientação. Mas, se ele teve um comportamento que as entidades de saúde entendem como de risco, ele não pode doar sangue”, protestou Bruno Engler, que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Engler chegou a dizer que a Organização Mundial da Saúde (OMS) é a favor da restrição. Guilherme da Cunha, contudo, lembrou o colega que a OMS mudou de posicionamento em 2018. À época, a entidade reconheceu que as regras para as doações vindas de homens homossexuais estavam defasadas.
Um dos vice-líderes do governo estadual na Casa, Cunha, que relatou o texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), classificou a proibição como discriminatória e argumentou que uma série de critérios individuais têm a função de assegurar a qualidade do sangue doado.
“A permanência dos demais critérios já vai excluir pessoas que tenham comportamento de risco. As pessoas que fizerem sexo com mais de um parceiro, desconhecidos ou em troca de dinheiro ou drogas, continuam proibidas de doar”, pontuou.
A presidente da Comissão de Direitos Humanos, Leninha (PT), citando a queda nos estoques de sangue do Hemominas, também ressaltou a necessidade do fim da proibição. Em setembro do ano passado, o colegiado comandado por ela promoveu audiência pública para tratar do tema.
À época, Júnia Cinoff, que preside o Hemominas, apresentou dados que, segundo ela, embasam a restrição como parte dos protocolos seguidos pela fundação. De acordo com Júnia, cerca de 59% dos casos de HIV registrados em homens acima de 13 anos são provenientes de homossexuais e bissexuais. Em comparação, quase 97% das mulheres diagnosticadas com a doença são heterossexuais.
Bartô (Novo), por sua vez, pediu a retirada de pauta do projeto. Na visão dele, além da decisão do STF ser muito recente, o momento enfrentado pelo estado não é adequado para a discussão de propostas que, para o parlamentar, podem causar polêmica.
Com informações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais