A deputada federal Carla Zambelli (PSL) e os delegados Carlos Henrique Oliveira de Sousa e Alexandre da Silva Saraiva prestam depoimento à Polícia Federal em Brasília na tarde desta quarta, 13, no âmbito do inquérito sobre suposta tentativa de interferência do presidente Jair Bolsonaro na corporação. As oitivas marcam o terceiro dia de depoimentos na investigação sobre as acusações feitas pelo ex-ministro Moro ao deixar o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
Ex-chefe da Polícia Federal do Rio, Carlos Henrique de Oliveira Sousa assumiu o posto na superintendência fluminense após a exoneração do delegado Ricardo Saadi em 2019, pivô da primeira crise pública entre Bolsonaro e Moro. Este último prestou depoimento à PF na segunda, 11, afirmando que sua saída do comando da corporação fluminense foi antecipada em agosto do ano passado a pedido e sem justificativa clara.
Nesta quarta, 13, foi publicada a nomeação de Carlos Henrique Oliveira como o diretor-executivo da PF, se tornando o número dois do novo diretor-geral Rolando Alexandre de Souza. Quem ficará no comando da corporação fluminense é o delegado Tácio Muzzi, que já coordenou a Lava Jato no Estado e chegou a assumir interinamente o cargo de superintendente no ano passado - antes da entrada de Oliveira.
O delegado Alexandre da Silva Saraiva também teve envolvimento com a crise na PF do Rio ano passado. Após antecipar a troca na PF do Rio e depois de a corporação apontar Carlos Oliveira para a vaga, Bolsonaro afirmou que 'ficou sabendo' que Saraiva, amigo dos filhos do presidente, iria assumir o posto na superintendência fluminense. Em nova entrevista, horas depois, baixou o tom. "Eu sugeri o de Manaus. Se vier o de Pernambuco não tem problema, não", afirmou.
Já a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) deverá esclarecer a troca de mensagens com ex-ministro em que pede ao ele aceite a mudança na direção-geral da PF solicitada por Bolsonaro e, em troca, diz que se comprometeria 'a ajudar' com uma vaga no STF.
Das oitivas determinadas pelo ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, resta somente a do ex-chefe da PF em Minas, Rodrigo Teixeira. O delegado prestará depoimento nesta quinta, 14, em local ainda não definido.
Vídeo 'devastador'
O segundo dia de uma semana importante para o inquérito sobre suposta tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF foi marcado pelos depoimentos de três ministros palacianos - Augusto Heleno (GSI), Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) - e as repercussões da exibição do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, peça chave da investigação.
Fontes que acompanharam nesta terça-feira, 12, a exibição do vídeo avaliam que o conteúdo da gravação 'escancara a preocupação do presidente com um eventual cerco da Polícia Federal a seus filhos'. Os investigadores avaliam que o material é 'devastador' para o presidente.