O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (14/5), que exigirá do ministro da Saúde, Nelson Teich, a alteração do protocolo sobre o uso da cloroquina. A declaração foi feita durante uma reunião por videoconferência com empresários.
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O impasse se assemelha ao que havia entre o presidente e o ex-ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta. Teich também tem defendido que o medicamento não tem eficiência comprovada e causa profundos danos colaterais.
No último dia 12, ele foi enfático nas redes sociais: “Um alerta importante: a cloroquina é um medicamento com efeitos colaterais. Então, qualquer prescrição deve ser feita com base em avaliação médica. O paciente deve entender os riscos e assinar o “Termo de Consentimento” antes de iniciar o uso da cloroquina”.
Bolsonaro, por sua vez, insiste no uso da medicação desde o surgimento dos primeiros sintomas e tem feito de tudo o que está ao seu alcance para mudar as regras de isolamento. Com isso, a desmoralização de Teich é cada vez mais explícita. No começo da semana, por exemplo, o presidente adicionou na lista de serviços considerados essenciais salões de beleza, academias e barbearias. No entanto, a medida pegou Teich de surpresa. Ele não foi consultado sobre o assunto e ficou sabendo sobre durante uma coletiva.
Ontem, na saída do Palácio da Alvorada, enviou um recado direto a Teich e disse que a reunião teria o intuito de alinhar as orientações. “A gente está preocupado com o elevado número de mortes e analisando o protocolo do Ministério da Saúde manda aplicar a cloroquina apenas em casos graves. Então, vou conversar hoje com o ministro da Saúde. Não é o meu entendimento, que eu não sou médico. É o entendimento de muitos médicos do Brasil e outras entidades de outros países entendem que a cloroquina pode e deve ser usada desde o início, apesar de saberem que não tem uma confirmação científica da sua eficácia. Mas, como estamos numa emergência, e a cloroquina sempre foi usada, desde 1955, e agora com a azitromicina, pode ser um alento para esta quantidade enorme de óbitos que estamos tendo no Brasil. Isso vai ser discutido hoje com ministros”.
O presidente continuou: “O meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela deve ser utilizada desde o início por parte daqueles que integram grupo de risco. Pessoas que têm comorbidade, pessoas de idade, deve ser usada a hidroxicloroquina. Se fosse a minha mãe... Minha mãe está com 93 anos de idade. Eu vou atrás dela, pego um médico, lógico que não vou forçar o médico, tem muitos médicos que concordam com este tipo de medicamento, e ela usaria a hidroxicloroquina. Enquanto não tivermos algo comprovado no mundo, temos este no Brasil aqui, que pode dar certo, pode não dar certo. Mas como a pessoa não pode esperar quatro, cinco dias para decidir, que a morte pode vir, é melhor usar.”
Questionado se havia ficado contrariado com os tuítes do ministro Teich, que defende a linha contrária em relação ao medicamento, Bolsonaro apontou que ‘todos os ministros devem estar afinados com ele’.
“Olha só, olha só... Todos os ministros --já sei qual é a tua pergunta, o que você quer dizer-- têm que estar afinado comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas, tá certo? E quando eu converso com os ministros, eu quero eficácia na ponta da linha. Nesse caso, não é gostar ou não do ministro Teich, tá? É o que está acontecendo. Nós estamos tendo aí centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usá-la? Alguns falam que pode ser placebo. Eu falo: pode ser. A gente não sabe. Mas pode não ser também. A gente não pode daqui a dois anos falar "ah, se tivesse usado a cloroquina lá atrás, teríamos salvo milhares de pessoas". Só isso”, disse.
“Isso vai ser tratado... No meu entender, desde o começo devia ser o vertical. Cuidar das pessoas do grupo de risco e botar o povo pra trabalhar. Olha só. Tem uma máxima do Napoleão dizendo mais ou menos o seguinte: "enquanto o inimigo estiver fazendo um movimento errado, deixe-o à vontade". No Brasil, no meu entender, o movimento errado é se preocupar apenas e tão somente com a questão do vírus. Tem o desemprego do lado. A esquerda tá quietinha. A esquerda tá quietinha. O povo precisa trabalhar”.
“O povo tem que voltar a trabalhar!Quem não quiser trabalhar, que fique em casa, porra! Fica em casa, ponto final”.