Em curto pronunciamento na tarde desta sexta-feira, em Brasília, o ex-ministro da Saúde Nelson Teich explicou os motivos pelos quais deixou o cargo antes de completar um mês. Ao lado de outros integrantes que formam a parta, ele confirmou ter pedido demissão ao presidente Jair Bolsonaro, negando que havia sido demitido.
“A vida é feita de escolhas, e hoje eu escolhi sair. Dei o melhor de mim. Não é uma coisa simples estar à frente de um ministério num período tão difícil. Agradeço ao meu time que sempre esteve ao meu lado”, ressaltou o ex-ministro, que chegou ao posto de entrevista usando máscara.
Teich vinha sendo pressionado por Jair Bolsonaro para apoiar o uso da cloroquina em pacientes com sintomas leves de novo coronavírus, além de oficializar a flexibilização do isolamento social. Em encontro com empresários organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente disse que iria liberar o uso da cloroquina sem a autorização de Teich.
Apesar disso, o ex-ministro agradeceu ao presidente pela oportunidade: "Seria muito ruim na minha carreira não ter a chance de atuar no ministério pelo SUS. Nasci graças ao serviço público, sempre estudei em escola pública. Minha faculdade também foi pública".
Ele lembrou a dedicação dos profissionais de saúde na condução do combate à COVID-19: "Quando você vai na ponta, acaba vendo como é o dia a dia dessas pessoas. Você se impressiona. A dedicação dessas pessoas, correndo risco, o tempo todo ao lado dos pacientes. É uma coisa espetacular".
Substituto de Luiz Henrique Mandetta, que havia deixado o ministério no mês passado, o ex-ministro também disse que se colocou à disposição justamente para contribuir com o país: “Não aceitei o convite pelo cargo. Aceitei porque achava que poderia ajudar o Brasil”.
Teich fala sobre programa de testagem
O ex-ministro afirmou haver um programa pronto de testagem a ser implementado, para ajudar a entender a evolução da doença no país: “Deixo um plano de trabalho pronto para auxiliar os secretários municipais e estaduais, prefeitos e governadores a tentar entender o que está ocorrendo e definir os próximos passos. Entregamos os pontos críticos a serem encontrados e auxiliar o entendimento do momento nas tomadas de decisões”.
Teich também enumerou os feitos e listou as dificuldades que encontrou ao assumir a pasta: "Traçamos um plano estratégico, que deve ser seguido. Durante esse período, tivemos o foco total na COVID-19. Mas temos um sistema que envolve várias outras doenças para serem cuidadas. Auxiliamos estados e municípios a passar por essas dificuldades. Fizemos 4 mil habilitações de leitos, respiradores, soluções EPIs, recursos humanos... Isso acontece num momento de grande crise mundial. Foi uma luta diária e intensa para que conseguíssemos auxiliar estados e municípios a passar por isso”.
Ele lembrou ainda das visitas a municípios com forte expansão da doença: “Iniciamos as visitas nas cidades mais atingidas. É fundamental entender o que ocorre no dia a dia, para desenho de ações implementadas em seguida".