Ao longo deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma série de mudanças na sua segurança pessoal, inclusive com a promoção de responsáveis pela área, conforme revelou nesta sexta-feira (15) o "Jornal Nacional" da TV Globo. Duas portarias e um decreto publicados no Diário Oficial da União (DOU) colocam em xeque a versão apresentada pelo presidente da República de que as queixas expostas durante a reunião ministerial de 22 de abril se referiam a problemas com a equipe que cuida de sua segurança, e não a uma tentativa de interferência na Polícia Federal.
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Segundo relatos de pessoas que assistiram ao vídeo, o presidente chamou a superintendência da Polícia Federal no Rio de "segurança no Rio". Bolsonaro alega, por outro lado, que se referia à sua segurança pessoal, que é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
No entanto, em 26 de março, quase um mês antes da reunião de abril, o general André Laranja Sá Correa - então diretor do Departamento de Segurança Presidencial do GSI - foi promovido por Bolsonaro para exercer o cargo de Comandante da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada.
A direção do Departamento de Segurança Presidencial acabou ficando com o então adjunto, Gustavo Suarez, promovido ao cargo titular da repartição. Entre as atribuições do departamento estão "zelar pela segurança pessoal do presidente da República, do vice-presidente da República e de seus familiares".
Uma terceira troca envolvendo a segurança pessoal do presidente ocorreu no Rio de Janeiro. Uma portaria de 28 de fevereiro, dois meses antes da reunião ministerial de abril, colocou o tenente coronel Rodrigo Garcia Otto para exercer a função de chefe no escritório de representação no Rio de Janeiro da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI. Essas três trocas mostram que o presidente não enfrentou problemas para fazer mudanças na área.
A reportagem procurou a assessoria da Presidência da República e o GSI, que ainda não se manifestaram. O espaço está aberto para manifestações.