A Corte Interamericana de Direitos Humanos começou a analisar denúncia apresentada contra o governo Jair Bolsonaro, que prestou homenagem ao tenente-coronel da reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, o 'Major Curió', de 85 anos. Ele foi um dos agentes de repressão da ditadura militar que atuou no combate à Guerrilha do Araguaia, no sudoeste paraense, nos anos 1970.
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Curió foi recebido por Bolsonaro no Palácio do Planalto no último dia 4. Após a visita, o perfil oficial da Secretaria Especial de Comunicação (Secom) saudou o militar como 'herói'.
Relatório final da Comissão Nacional da Verdade, de 2014, listou Curió como um dos 377 agentes do Estado brasileiro que praticaram crimes contra os direitos humanos. O militar 'esteve no comando de operações em que guerrilheiros do Araguaia foram capturados, conduzidos a centros clandestinos de tortura, executados e desapareceram'.
Curió revelou detalhes ao Estadão, incluindo documentos e depoimentos, sobre as torturas e assassinatos praticados contra dezenas de pessoas na região do Araguaia. As vítimas foram tanto militantes do partido comunista quanto simpatizantes locais.
O Ministério Público Federal emitiu representação afirmando que a publicação 'é uma ofensa direta e objetiva ao princípio constitucional da moralidade administrativa, por representar uma apologia à prática, por autoridades brasileiras, de crimes contra a humanidade e graves violações aos direitos humanos'.
O major Curió foi um dos primeiros agentes a serem denunciados no Brasil por crimes cometidos durante a ditadura, ainda em 2012. De lá para cá, foram outras cinco denúncias. Todas por crimes como sequestro, assassinato e ocultação de cadáver. As últimas três foram apresentadas contra ele em dezembro de 2019, quando o MPF fez um balanço sobre as ações relacionadas à guerrilha.
Ele e os outros militares tentam enquadrar as acusações na Lei da Anistia, que garante o arquivamento deste tipo de denúncia.
COM A PALAVRA, O GOVERNO FEDERAL
Até a publicação desta matéria, a reportagem não obteve resposta da Secom. O espaço permanece aberto a manifestações.