Um pedido de minuto de silêncio devido a mortes “em decorrência da fome provocada pelo desemprego em virtude do lockdown” foi negado nessa quarta-feira pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PV). O deputado estadual Coronel Sandro (PSL), solicitante da homenagem, não apresentou os dados relacionados aos óbitos citados e também não citou onde seria esse confinamento total.
O fato aconteceu durante Reunião Especial na Assembleia, na tarde dessa quarta-feira. Os deputados conversaram com especialistas sobre a atuação de entidades no combate à pandemia do novo coronavírus (veja no vídeo abaixo, a partir de 1:58:10).
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“Sim. A hora que nós então tivermos o número aí das pessoas com certeza faremos essa homenagem”, concluiu Patrus. “Perfeito, senhor presidente. Muito obrigado pela negativa”, disse Sandro, que continuou com os questionamentos aos especialistas.
Cerca de seis minutos depois, após a fala de Sandro, Agostinho esclareceu que não acatou a questão de ordem devido à falta de números oficiais. Sandro interpelou e trouxe dados por mortes de fome no Brasil, ainda sem apresentar relação científica com um suposto lockdown.
“Já tenho o número. São cinco mil, segundo o IBGE no ano passado. Média de 500 por mês. E neste ano, com a projeção, conforme os modelos matemáticos que estão sendo utilizados para o coronavírus, a gente defende o mesmo patamar. Então, por favor, eu gostaria da questão de ordem do minuto de silêncio por respeito a essas pessoas e seus familiares”, disse Sandro.
Com esse pedido, Agostinho aceitou o pedido e frisou que a homenagem na reunião seria aos óbitos causados pela fome no Brasil, sem citar pandemia ou lockdown. “É regimental o pedido de vossa excelência do minuto de silêncio em relação a aqueles que morrem de fome no nosso país”. A reunião seguiu normalmente após a homenagem.
Publicação de vídeo editado
No Twitter, Coronel Sandro publicou um vídeo editado sobre o pedido. Nas imagens divulgadas pelo deputado, a primeira questão é seguida imediatamente da resposta final de Agostinho Patrus, relacionada à homenagem pelo número de mortos no Brasil, sem citar a pandemia ou um possível lockdown. Na mensagem com o vídeo, o parlamentar se contradiz e pede para as pessoas não acreditarem em vídeos editados.