O Senado aprovou nesta segunda-feira, 25, a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Ele será obrigado a comparecer, em uma data ainda a ser definida, para prestar explicações aos parlamentares sobre suas falas na reunião ministerial do dia 22 de abril. A votação para aprovar o requerimento foi simbólica, ou seja, sem contagem de votos.
No vídeo da reunião ministerial, divulgado na última sexta-feira, 22, Weintraub aparece dizendo que magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) deveriam ser presos. O ministro do STF Celso de Mello disse ter constatado a ocorrência de "aparente prática criminosa" cometida por Weintraub ao se referir à Corte.
"Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF", afirmou o ministro. Weintraub chegou a comparar Brasília a um "cancro de corrupção, de privilégio", reclamou de só levar "bordoada" e, ainda por cima, ser alvo de processo na Comissão de Ética da Presidência.
A autora do requerimento foi a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES). "Eu achei que estava vendo um filme de terror. Mas quando vi o ministro da Educação tive certeza que era uma panaceia, um desrespeito", disse Freitas. "Quero perguntar quem são os "vagabundos" que precisam ser presos? Palavras não são em vão", disse.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também apresentou um requerimento. "Nos vídeos e na sua transcrição Weintraub destila ódio, em termos claros, enfáticos e chocantes, contra o povo indígena e o povo cigano, nos seguintes dizeres", diz o senador no requerimento.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM) também apoiou a convocação. "Não é cabível continuar nessa posição galopante de declarações contras as liberdades individuais, instituições", disse.
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) senador pediu apenas que a convocação ficasse restrita ao ministro da Educação. "As falas do ministro cruzam uma linha que é a linha do respeito às instituições", disse. "Ele deve sim satisfação ao Senado Federal", afirmou.
Há requerimentos para Weintraub ser convocado também pela Câmara, mas ainda não há perspectiva da proposta ser votado.
Outros ministros que participaram da reunião do dia 22 de abril também são alvos de requerimentos de convocações para as duas Casas. Randolfe, por exemplo, quer explicações do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente).
Salles declarou na reunião que é preciso aproveitar a "oportunidade" que o governo federal ganha com a pandemia do novo coronavírus para "ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas". Segundo Salles, a cobertura da imprensa focada em covid-19 daria "um pouco de alívio" para a adoção de reformas infralegais de regulamentação e simplificação.
De acordo com o ministro, o Meio Ambiente é "o mais difícil" de passar "qualquer mudança infralegal" porque "tudo que a gente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte.