O Grupo Globo e o jornal Folha de S.Paulo anunciaram nesta segunda que suspenderão temporariamente o plantão em frente ao Palácio da Alvorada, residência oficial do Presidente da República. O motivo é a crescente insegurança causada pela presença de militantes bolsonaristas – cada vez mais agressivos – no local.
A Folha também questionou o GSI e a Secretaria Especial de Comunicação Social sobre a falta de segurança para os jornalistas, mas não obteve resposta. Segundo o jornal, a pretensão é de “retomar a cobertura no local somente depois das garantias de segurança aos profissionais por parte do Palácio do Planalto”.
Perigo iminente
As ofensas dos militantes pró-Bolsonaro tem se tornado frequentes, alimentadas pelo próprio presidente da República que, sempre que pode, aproveita os microfones para atacar os profissionais de imprensa. A retórica de Bolsonaro leva seus apoiadores ao entendimento de que qualquer crítica aos atos do governo seria parte de uma espécie de teoria conspiratória que visa tirá-lo do poder e implantar uma fantasiosa ditadura comunista no país.
Nesta segunda-feira, os bolsonaristas hostilizaram os jornalistas que trabalhavam no local com gestos, gritos e xingamentos como “lixo”, “escória”, “safados”, entre outros.
A ação dos populares ocorreu pouco depois de Bolsonaro deixar o local, após ficar quase 16 minutos conversando com os simpatizantes e ter dito que não falaria com a imprensa. “No dia que vocês tiverem compromisso com a verdade, eu falo com vocês de novo”, disse o presidente, recebendo imediato apoio de alguns simpatizantes.
Na hora das agressões verbais, os manifestantes se uniram em coro para chamar a imprensa de “lixo”, enquanto outros gritavam e batiam no peito. “Nossa bandeira jamais será vermelha”, “fechada com Bolsonaro” e “Bolsonaro até 2050” foram algumas das frases ditas.
Agressões físicas
Os jornalistas que cobrem o presidente Bolsonaro têm sido alvos constantes de assédio. Em uma ocasião, um humorista que estava com o presidente no Alvorada ofereceu bananas aos repórteres, depois de o próprio presidente cruzar por duas vezes os braços, em um gesto que significa “dar uma banana”.No domingo 17, uma repórter da TV Bandeirantes foi atingida por uma bandeirada ao cobrir um ato de apoio ao presidente. A mulher que segurava o objeto, uma servidora pública, alegou ter sido um acidente.
No início do mês, o fotógrafo Dida Sampaio, do jornal O Estado de S. Paulo, foi agredido por bolsonaristas. Segundo consta na ocorrência da Polícia Civil, o repórter fotográfico informou que fazia a cobertura de uma manifestação e estava tirando fotos do presidente da República quando começou a ser hostilizado. Algumas pessoas teriam colocado bandeiras na frente da câmera, tentando impedir os registros.
Na sequência, os manifestantes começaram a colocar a mão na lente da câmera e a agredir o profissional. O homem, que usava uma escada pequena para ter uma visão melhor, acabou sendo empurrado, caiu e bateu a cabeça no chão. A partir daí, ele se levantou para tentar sair da aglomeração e começou a ser agredido com socos e chutes.
No dia 20, uma equipe da TV Integração, afiliada da TV Globo, foi agredida enquanto fazia reportagem na cidade de Barbacena, Campo das Vertentes, no interior de Minas. Empresário e cinegrafista entraram em luta corporal após discussão verbal.
De acordo com boletim de ocorrência, o cinegrafista Robson Panzera estava realizando gravação de reportagem na rua quando o empresário do ramo de massas, Leonardo Rivelli, passou de carro filmando com celular proferindo palavras ofensivas e gritando “Globo lixo”, dando início a uma discussão verbal.
A fúria. Uma equipe da Tv Integração,afiliada da Globo em MG, foi agredida pelo empresário Leonardo Rivelli.O cinegrafista Robson Panzera teve o dedo quebrado.Os equipamentos também foram https://t.co/arFNxSHFn1 delegacia,o empresário disse que a vítima foi ele.Tá difícil... pic.twitter.com/C0xOWx45jF
%u2014 Casemiro Neto (@Casemiro_Neto) May 20, 2020