O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, participou, nesta terça-feira, de uma live no Youtube realizada pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais e, entre vários assuntos, fez um apanhado de sua passagem pelo governo Bolsonaro. Durante pouco mais de uma hora de conversa, Moro foi questionado sobre desgostos, sobre um eventual futuro na política e se teria sido um erro aceitar o convite para chefiar o ministério.
Caminhando para o final da entrevista, Moro passou por uma espécie de bate-bola, com perguntas e respostas rápidas. Questionado sobre o que menos gosta de fazer, o ex-ministro não titubeou e respondeu com bom humor: “Participar de reunião ministerial”.
A afirmação é uma clara referência à fatídica reunião ministerial de 22 de abril, na qual o presidente Jair Bolsonaro e os ministros fizeram uma série de ofensas a outros poderes da República, adversários políticos, além de várias declarações polêmicas que, supostamente, configurariam crime.
Sobre a celeuma entre fornecer armas de fogo à população (como defende Bolsonaro) ou armar os cidadãos com “educação, ciência e cultura” (conforme proposto pelo ministro Luís Roberto Barroso em sua posse na presidência do TSE, nesta segunda), Moro se disse favorável à declaração de Barroso: “A segunda hipótese. Educação é o melhor recurso”, defendeu Moro.
O ex-juiz da Lava Jato ainda foi questionado sobre sua função na sociedade após a saída do ministério. Moro rechaçou a enganosa figura dos ‘salvadores da pátria’ e deixou em aberto qual será o seu papel daqui em diante.
“O culto à personalidade não é uma coisa boa na democracia. Tivemos problemas pretéritos e talvez tenhamos alguns problemas atuais. Vou continuar contribuindo para o debate público. Acho que o trabalho que foi feito, não que não mereça pontuais críticas, é um exemplo digno. E espero que ele seja inspirador para outras pessoas. Sempre vou estar à disposição para tentar construir um país melhor. Não sei em que papel ainda”.
Moro finalizou explicando que uma eventual candidatura à presidência da República nas próximas eleições não está nos seus planos. Pelo menos, neste momento.
“Acabei de sair do governo. Estamos no meio de uma pandemia. Vou ter que me reinventar. (A candidatura) está muito longe das minhas considerações neste momento”, revelou.