A Polícia Federal cumpriu, nesta quarta-feira, uma série de mandados de busca e apreensão. A decisão, do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está ligada ao inquérito que apura a produção de fake news contra integrantes da Suprema Corte e outras instituições democráticas. No despacho, Moraes diz que indícios apontam a utilização de robôs para propagar as notícias falsas. Tudo leva a crer, afirma o ministro, que há a atuação de empresários no esquema. Eles seriam responsáveis por financiar a organização responsável por disseminar os conteúdos falsos.
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Para embasar a decisão, Moraes cita trechos dos depoimentos dos deputados federais do PSL paulista, Alexandre Frota e Joice Hasselmann. Também há falas de Heitor Freire (PSL-CE). Ex-integrantes da base aliada de Bolsonaro no Congresso Nacional, eles prestaram esclarecimentos sobre as questões investigadas pelo inquérito.
Os parlamentares citaram que o esquema está ligado ao “gabinete do ódio”. Em seu depoimento, Freire diz que o gabinete do óbio é um núcleo composto, inclusive, por assessores especiais de Bolsonaro, e responsável por propagar, com o auxílio de páginas e perfis na web, as mensagens falsas. O grupo é chamado de “associação criminosa” pelo ministro do STF.
“As provas colhidas e os laudos periciais apresentados nestes autos apontam para a real possibilidade de existência de uma associação criminosa, denominada nos depoimentos dos parlamentares como “Gabinete do Ódio”, dedicada a disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática”, pontua Moraes.
Grupos de WhatsApp
Segundo Moraes, grupos de WhatsApp compõem a estratégia do esquema. Por isso, ele ressalta a importância do acesso aos celulares dos investigados.“Essas tratativas ocorreriam em grupos fechados no aplicativo de mensagens WhatsApp, permitido somente a seus integrantes. O acesso a essas informações é de vital importância para as investigações, notadamente para identificar, de maneira precisa, qual o alcance da atuação desses empresários nessa intrincada estrutura de disseminação de notícias fraudulentas”, diz o magistrado.
Com informações da Agência Estado.