A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) chamou o ex-ministro da Justiça Sergio Moro de "vendido", nesta quarta-feira (27/5). A parlamentar respondeu a um tuíte em que Moro mostrou mensagens de celular trocadas com o presidente Jair Bolsonaro e defendeu a autonomia da Polícia Federal.
Prezado, vc acha justo o que estão fazendo com cidadãos comuns? Com jornalistas?
%u2014 Carla Zambelli (@CarlaZambelli38) May 27, 2020
Esse era você o tempo todo? Meu Deus, como pode alguém se esconder por tanto tempo e tão bem?
Liberdade, democracia.... nada disso vale pra você? Você não estava à venda, pq JÁ ESTAVA VENDIDO.
"Prezado, vc acha justo o que estão fazendo com cidadãos comuns? Com jornalistas? Esse era você o tempo todo? Meu Deus, como pode alguém se esconder por tanto tempo e tão bem? Liberdade, democracia.... nada disso vale pra você? Você não estava à venda, pq JÁ ESTAVA VENDIDO", escreveu a deputada, que chamou Moro para ser padrinho de casamento quando os dois eram próximos.
Zambelli se referiu a uma conversa que ela teve com Moro por celular e que acabou revelada pelo ex-ministro. Na troca de mensagens, a parlamentar tentava convencer o ainda ministro a aceitar a troca de comando na Polícia Federal e, mais tarde, ir para o Supremo Tribunal Federal (STF). Moro então respondeu a ela que não estava à venda.
Autonomia da PF
Nesta quarta-feira, após a deflagração da operação da Polícia Federal autorizada pelo ministro do Supremo Alexandre de Moraes e que investiga uma rede responsável por disseminar fake news — que incluiria empresários, políticos e apoiadores de Bolsonaro —, Moro fez a postagem que irritou Zambelli.
"A Polícia Federal tem que trabalhar com autonomia. Que sejam apurados os supostos crimes no RJ e também identificados os autores da rede de fake news e de ofensas em massa. Diante das denúncias de interferência na PF, o Min. Alexandre manteve os delegados que estavam na investigação", escreveu.
O tuíte vinha acompanhado do print de uma conversa de celular entre Moro e Bolsonaro. Na conversa, o presidente enviou uma reportagem cujo título dizia "PF na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas" e, em seguida escreveu "Mais um motivo para a troca (na direção-feral da PF)". A conversa é uma das evidências apresentadas por Moro de que o presidente queria interferir politicamente na PF.
Depoimento de deputados
Nesta quarta-feira, Alexandre de Moraes determinou que seis deputados sejam ouvidos pela PF no inquérito que apura a produção de fake news e ameaças à Corte. Zambelli é uma delas.
Os demais são: Bia Kicis (PSL-DF), Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Luiz Phillipe Orleans e Bragança (PSL-SP) e Cabo Junio Amaral (PSL-MG). Também devem depor os deputados estaduais por São Paulo Douglas Garcia (PSL) e Carteiro Reaça (PSL). O PSL é o partido pelo qual Bolsonaro foi eleito.