O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou nesta sexta-feira (29) que Jair Bolsonaro (sem partido) não vetou alguns pontos do texto do pacote anticrime modificado pelo Congresso “no mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas” a Flávio Bolsonaro, filho 01 do presidente. As declarações foram dadas para a revista Crusoé.
Moro ainda afirmou que Bolsonaro foi incoerente com o discurso que assume. “Me chamou atenção porque é incoerente com o discurso. Assim como são incoerentes com o discurso as alianças recentes que o presidente tem feito com personagens do nosso mundo partidário que não se destacam exatamente pela imagem de probidade. Acho isso um tanto peculiar, porque o discurso para os eleitores é um, e a prática é outra, bastante diferente.”
Quando questionado se o presidente demonstrava algum tipo de preocupação nos bastidores, Moro respondeu que não para ele, já que isso seria “inútil porque não cumpriríamos solicitações de índole ilegal”.
“Essa é uma investigação da polícia estadual e do Ministério Público Estadual. Não cabia ao Ministério da Justiça realizar qualquer espécie de interferência. […] Para mim, não poderia fazer porque não é da minha área. Ele não pediria a mim nada ilegal, porque eu não faria nada ilegal. Seria inútil fazer solicitação a mim ou ao Valeixo porque não cumpriríamos solicitação de índole ilegal.”
Moro ainda falou sobre o interesse de Jair Bolsonaro na soltura do ex-presidente Lula (PT). De acordo com juiz "o que se dizia no Planalto era que a soltura do Lula era boa, politicamente, para o presidente."
"Isso foi dito. Eu sou um homem de Justiça, um homem de lei, e não acho que um cálculo político pode ser envolvido nisso", finalizou.
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa