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Estado de Minas VETO

Moro: Bolsonaro não vetou itens do pacote anticrime para proteger Flávio

Quando questionado se o presidente demonstrava algum tipo de preocupação nos bastidores, Moro respondeu que não para ele, já que isso seria 'inútil porque não cumpriríamos solicitações de índole ilegal'


postado em 29/05/2020 14:43 / atualizado em 29/05/2020 15:02

(foto: Reprodução/Agencia Brasil)
(foto: Reprodução/Agencia Brasil)
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou nesta sexta-feira (29) que Jair Bolsonaro (sem partido) não vetou alguns pontos do texto do pacote anticrime modificado pelo Congresso “no mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas” a Flávio Bolsonaro, filho 01 do presidente. As declarações foram dadas para a revista Crusoé.

“Me chamou a atenção um fato quando o projeto anticrime foi aprovado pelo Congresso. Infelizmente, houve algumas mudanças no texto que acho que não favorecem a atuação da Justiça Criminal. Tirando a questão do juiz de garantias, houve restrições à decretação de prisão preventiva e também restrições a acordos de colaboração premiada. Propusemos vetos, e me chamou muita atenção o presidente não ter acolhido essas propostas de veto, especialmente se levarmos em conta o discurso dele, tão incisivo contra a corrupção e a impunidade. Limitar acordos e prisão preventiva bate de frente com esse discurso. Isso aconteceu em dezembro de 2019, mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas ao filho do presidente”, disse Moro.

Moro ainda afirmou que Bolsonaro foi incoerente com o discurso que assume. “Me chamou atenção porque é incoerente com o discurso. Assim como são incoerentes com o discurso as alianças recentes que o presidente tem feito com personagens do nosso mundo partidário que não se destacam exatamente pela imagem de probidade. Acho isso um tanto peculiar, porque o discurso para os eleitores é um, e a prática é outra, bastante diferente.”

Quando questionado se o presidente demonstrava algum tipo de preocupação nos bastidores, Moro respondeu que não para ele, já que isso seria “inútil porque não cumpriríamos solicitações de índole ilegal”.

“Essa é uma investigação da polícia estadual e do Ministério Público Estadual. Não cabia ao Ministério da Justiça realizar qualquer espécie de interferência. […] Para mim, não poderia fazer porque não é da minha área. Ele não pediria a mim nada ilegal, porque eu não faria nada ilegal. Seria inútil fazer solicitação a mim ou ao Valeixo porque não cumpriríamos solicitação de índole ilegal.”
 
Moro ainda falou sobre o interesse de Jair Bolsonaro na soltura do ex-presidente Lula (PT). De acordo com juiz "o que se dizia no Planalto era que a soltura do Lula era boa, politicamente, para o presidente." 
 
"Isso foi dito. Eu sou um homem de Justiça, um homem de lei, e não acho que um cálculo político pode ser envolvido nisso", finalizou. 
 
*Estagiária sob supervisão da editora Liliane Corrêa


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