O ex-ministro Sérgio Moro classificou como ‘loucos’ os participantes de ato bolsonarista realizado na noite deste sábado, 30, em Brasília. Liderados pela ativista Sara Winter, investigada pela Polícia Federal, o grupo empunhou tochas e usou máscaras em ação vista por autoridades como semelhante aos protestos da Ku Klu Klan (seita supremacista branca) nos Estados Unidos, em 2017.
"Tão loucos mas, ainda bem, tão poucos. O único inverno chegando é o das quatro estações", provocou Moro, fazendo um ‘trocadilho’ com o sobrenome artístico da ativista, Winter (inverno, em inglês).
Reportagem do Estadão ouviu reservadamente ministros do Supremo Tribunal Federal, que apontaram semelhança do ato com a manifestação da KKK na cidade de Charlottesville, nos Estados Unidos, em 2017. A seita foi responsável por inúmeros atos de violência contra negros na história americana.
A Polícia Federal não se pronunciou sobre o ato. O Palácio do Planalto não quis comentar o caso.
Ameaça
Sara Winter foi alvo na semana passada de buscas e apreensões pela Polícia Federal no âmbito do inquérito das ‘fake news’ do Supremo, que apura também ameaças e ofensas contra a Corte. Alinhada com os interesses bolsonaristas, a ativista mirou ataques contra o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações, gravando um vídeo no qual o chama para ‘trocar socos’ e ameaça ele e sua família.
"Eles não vão me calar, de maneira nenhuma. Pelo contrário, eu sou uma pessoa extremamente resiliente. Pois agora, meu… e não é que ele mora em São Paulo? Porque se estivesse aqui eu já estaria na porta da casa dele convidando ele para ‘trocar soco’ comigo. Juro por Deus, essa é a minha vontade. Eu queria trocar soco com esse ‘filha da puta’ desse ‘arrombado’! Infelizmente não posso, mas eu queria. Ele mora lá em São Paulo, né? Pois você me aguarde, Alexandre de Moraes. O senhor nunca mais vai ter paz na vida do senhor!", esbravejou a ativista.
A gravação foi enviada pelo gabinete do ministro para a Procuradoria-Geral da República, que enviou o vídeo para o Ministério Público do Distrito Federal. O caso está agora com o procurador Frederick Lustosa de Melo, que vem sendo pressionado por colegas para pedir logo à Justiça Federal a imposição de medidas cautelares contra a ativista.
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