A Polícia Federal informou, na sexta-feira (5), que o ex-vereador de Belo Horizonte, Wellington Magalhães (DC), foi indiciado, no fim de maio, por omitir informações de bens na declaração entregue à Justiça Eleitoral em 2016, quando foi reeleito. O político declarou R$ 921.433,39, mas o montante correto, segundo as investigações, é de R$ 3,6 milhões. De acordo com o Código Eleitoral, a omissão configura crime.
Nas investigações, a PF constatou que o ex-vereador e a mulher enriqueceram de maneira ilícita, com crescimento do patrimônio no total de R$ 1,4 milhão, entre 2010 e 2016. Para comprovar a conduta negligente, um exame pericial contábil-financeiro atestou que foram omitidos da declaração do Imposto de Renda 2015/2016 um veículo e dois imóveis no Condomínio Aldeias do Lago, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O relatório final da investigação diz que Wellington Magalhães escondeu um carro de luxo no valor de R$ 185 mil, um terreno (R$ 155 mil) e uma casa (R$ 380 mil). Além disso, subavaliou a mansão onde mora, localizada na Pampulha, que na realidade vale R$ 2,7 milhões e não R$ 780 mil, como informado na declaração.
Segundo a PF, o ex-vereador disse, na defesa, que o lote que está no nome da mulher foi devidamente declarado no imposto de renda dela. Já a casa, em nome de Daniel Borja Pinto, amigo de infância de Wellington, é alugada temporariamente em períodos de folga. À polícia, no entanto, Daniel negou ser o dono da casa.
Em relação ao automóvel não declarado, o político disse que o adquiriu de forma financiada e alegou não se lembrar da data da compra.
Durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão no gabinete do ex-vereador, foram encontrados documentos referentes ao imóvel. Como consta nos registros administrativos do condomínio, Magalhães é o proprietário e responsável pelos pagamentos da taxa de condomínio.
De acordo com a polícia, Magalhães é suspeito de lavagem de dinheiro, pois o terreno registrado em nome da mulher teve toda a negociação feita por ele, e a análise financeira nas contas da esposa não identificou saídas para a compra do terreno.
Cassação
Wellington Magalhães foi cassado por corrupção e improbidade, tráfico de influência, falsa declaração prestada às autoridades públicas, ameaças a outros vereadores e cidadãos e por abuso de prerrogativa na ampliação do próprio gabinete. A decisão ocorreu em 22 de novembro de 2019, um dia depois de o Ministério Público instaurar inquérito para investigar uma suposta compra de votos para livrar Magalhães da punição.
O relatório da Polícia Federal também cita as investigações feitas pela Polícia Civil, que apurou o desvio de verba pública na Câmara de Vereadores de Belo Horizonte por meio de contratações de empresas de fachada por preços superfaturados no período que Magalhães era presidente da casa.
A investigação identificou lavagem de dinheiro, já que o patrimônio adquirido com os rendimentos dos crimes foi registrado em seu nome e de terceiros.
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa