Jornal Estado de Minas

REUNIÃO MINISTERIAL

Bolsonaro: 'OMS está titubeando, parece mais um partido político'

O presidente Jair Bolsonaro voltou a reclamar da Organização Mundial da Saúde (OMS) após uma representante da entidade ter dito na segunda-feira (8/6) que há uma raridade de transmissões da COVID-19 por pessoas que não apresentam os tradicionais sintomas, como febre e tosse. A mudança de entendimento, na visão do chefe do Executivo, mostra que a autoridade sanitária “perdeu a credibilidade” e ela “é uma organização que está titubeando, parece mais um partido político”.




Nesta terça-feira (9/6), a OMS se retificou sobre a transmissão de covid-19 por pacientes assintomáticos. De acordo com a organização, a “transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto”. A nova declaração, contudo, deve ter pouco valor para Bolsonaro, que disse que a entidade “não transmite mais confiança para nós”.

“Não é à toa que o presidente americano (Donald Trump) deixou de contribuir para a OMS. O Brasil vai pensar nisso. Tão logo acabe esse problema da pandemia, a gente vai pensar seriamente se sai ou não, porque não transmite mais confiança para nós. Muita gente perdeu a vida não pelo vírus, mas por ter ficado em casa. Muita gente sentiu dor no peito, não foi para o hospital com medo do vírus acabou e infartando, falecendo. Então, essa entidade não agiu, no meu entender, não é de agora, com a devida responsabilidade que tinha que ter no trato dessa questão”, criticou Bolsonaro, ao falar com jornalistas na manhã desta terça em frente ao Palácio da Alvorada.

O presidente ainda disse que a OMS se transformou em uma “senoide” - curva matemática que descreve uma oscilação repetitiva - por ter se posicionado de diferentes maneiras sobre alguns aspectos da pandemia. “Eu enxergo, como cidadão, que o efeito colateral desse isolamento vai ser muito maior, vai trazer muito mais mortes do que o próprio vírus em si. A OMS ora apoia, ora não apoia, de modo que, em grande, parte perdeu a sua credibilidade”, opinou.



“A própria OMS disse que cada caso é um caso, e nós não devemos tirar a possibilidade e o direito de ir e vir do cidadão que vai à rua para buscar o pão que vai alimentar o seu filho em casa. A fome mata, e a situação, como está caminhando o mundo, se continuar adotando esse tipo de isolamento, o número de mortes vai ser muito maior do que o próprio vírus. E o que nós queremos é, realmente, buscar uma solução para isso. Não é buscar meio-termo, porque vida não dá para negociar. Cada um tem que ter a possibilidade e também o direito de decidir o que quer para a sua vida”, acrescentou.

Por mais que a OMS tenha se corrigido, Bolsonaro vai usar o argumento dito na segunda-feira para pressionar governadores e prefeitos a flexibilizar as medidas de isolamento social em vigor em estados e municípios, principalmente para que a atividade econômica do país volte à normalidade.

“Isso vai mudar, no meu entender, toda a sistemática de governadores e prefeitos que botaram o Brasil no isolamento quase que absoluto. Desde lá detrás eu vinha falando que deveríamos nos preocupar com questão do desemprego também. Houve despreocupação nesse sentido. O preço vai ser bastante alto, a ser pago por todos agora. E o preço vem em forma de vidas, sofrimento, tristeza, depressão, questões familiares, violência contra a criança”, analisou Bolsonaro.

Ainda segundo o presidente, por mais que não seja possível comprovar a tese de uma hora para a outra, a declaração da OMS dá respaldo para que o país entre em isolamento vertical, em que apenas idosos e outras pessoas do grupo de risco teriam de permanecer em casa. “Vamos proteger até que o efeito rebanho se faça presente no Brasil e possamos todos viver com a liberdade que tínhamos de poucos meses atrás.”