A expectativa nos bastidores do Supremo Tribunal Federal (STF) é de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub seja demitido em breve. A relação com a Corte que não era das melhores, piorou após a fatídica reunião ministerial do dia 22 de abril, divulgada publicamente. Na data em questão, Weintraub disse se referindo aos ministros que, por ele, "botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF". O ocorrido afastou ministros do governo e trincou ainda mais o pacto entre os Poderes.
Desde então, há uma pressão maior para que ele deixe a pasta. Após a fala, Weintraub foi intimado no âmbito do inquérito das fake news, que está na suprema Corte. Ao prestar depoimento, se manteve em silêncio.
Weintraub já não dispunha da simpatia dos magistrados e é considerado por parte deles como um ministro que não está à altura do cargo que ocupa. O ministro da Educaçãose reúne hoje com Bolsonaro. A expectativa é de que o ministro da Educação possa ser o próximo a deixar a pasta na Esplanada nos próximos dias.
Ministro participou de manifestação
Neste domingo (14), Weintraub participou de uma manifestação pró-governo e voltou a defender a prisão dos membros do STF. Aos apoiadores no local, o ministro disparou: "Já falei qual é a minha opinião, o que eu faria com os vagabundos".
Segundo interlocutores palacianos, a saída de Weintraub é vista com um aceno de Bolsonaro para acalmar os ânimos entre os Poderes e mostrar que o presidente não endossa os ataques à Corte. Bolsonaro já pensa em nomes para uma eventual substituição de Weintraub.
Vale lembrar que, nesta manhã (15/06), a ativista bolsonarista Sara Winter foi presa preventivamente pela Polícia Federal. Sara também é alvo do inquérito das fake news que e apura ameaças, ofensas e informações falsas contra os ministros da suprema Corte.
Ela lidera um grupo que apoia o presidente Bolsonaro, chamado de "300 do Brasil". Os integrantes estavam acampados, até a manhã do último sábado (13/6), na Esplanada dos Ministérios, mas foram retirados do local.
Ontem, um grupo de cerca de 20 pessoas tentou invadir as áreas restritas do Congresso Nacional, ultrapassando a estrutura que cercava e subindo na parte externa do prédio, onde ficam as gôndolas, próximo às cúpulas do Congresso, mas foram barrados pela Polícia Legislativa.
À noite, os integrantes do movimento voltaram a reagir e apontaram fogos de artifício para o STF e gravaram vídeos para distribuir nas redes sociais com ataques aos ministros e ao governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB).
Essa não foi a primeira vez que Sara e o grupo atacaram o STF ou os integrantes da Corte. Em 27 de maio, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra a ativista por ordem de Alexandre de Moraes, ela chamou o ministro de “covarde” e o ameaçou dizendo que descobriria tudo sobre a vida do magistrado, incluindo os lugares que ele frequenta. "Nunca mais vai ter paz na sua vida”, disse na ocasião.
Multa
O Governo do Distrito Federal (GDF) multou o ministro da Educação, Abraham Weintraub em R$ 2 mil por andar nas ruas da capital federal sem máscara de proteção. O chefe da pasta participou de manifestação junto a apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, no último domingo (14/6), na Esplanada dos Ministérios, descumprindo decreto do governador Ibaneis Rocha (MDB), que fechou a via para evitar aglomerações. Desde 18 de maio, sair de casa sem máscara é considerado uma infração sanitária.