Há casos confirmados do novo coronavírus em 573 das 853 cidades de Minas Gerais, número que corresponde a 67% dos municípios do estado. A interiorização da doença preocupa as autoridades sanitárias, diante do risco de colapso no atendimento a pacientes. Em reunião na Assembleia Legislativa ontem, o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems), Eduardo Luiz da Silva, destacou o temor causado pelo avanço da COVID-19 nas pequenas localidades.
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Áurea Carolina volta atrás e se coloca à disposição para disputar eleições à Prefeitura de BHBarroso sugere que eleição seja adiada, mas que ocorra ainda em 2020Aliados de Bolsonaro são alvos de operação da PF'Estou sendo complacente demais', diz Bolsonaro, em recado ao STFConforme o boletim epidemiológico da doença, divulgado nesta terça-feira pelo governo estadual, Minas Gerais soma 22.024 casos de coronavírus. São 506 mortes. Há óbitos confirmados em 150 municípios.
Taiobeiras, no Norte do Estado, é exemplo do avanço do coronavírus. Até o início deste mês, a cidade, de aproximadamente 33 mil habitantes, não tinha casos da doença. Tudo mudou quando uma idosa, moradora de asilo, testou positivo. Um dia após a confirmação, o município, entre moradores e funcionários da casa de repouso, já somava 19 registros. O boletim de ontem aponta 26 contaminados em Taiobeiras. Os óbitos estão zerados.
Segundo Eduardo, que ocupa a Secretaria de Saúde da cidade, o novo coronavírus alterou sensivelmente a dinâmica enfrentada pelas gestões locais. “De uma hora para outra, tivemos que reinventar a saúde, trabalhando com barreiras sanitárias e fluxo de testes, uso de máscaras e boletins informativos. Muitos precisaram contratar mão de obra, estender jornadas e horários de funcionamento de unidades de saúde. Isso tudo demanda recursos financeiros, que têm chegado, mas de modo escasso”, pontuou.
“De uma hora para outra, tivemos que reinventar a saúde. Muitos precisaram contratar mão de obra, estender jornadas e horários. Isso demanda recursos financeiros”
Eduardo Luiz da Silva, presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems) e secretário de Saúde de Taiobeiras, no Norte do estado.A ausência de leitos de terapia intensiva nos rincões de Minas é apontada como um dos principais problemas do sistema público de saúde. Em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde, o Cosems criou 14 planos macrorregionais para traçar as estratégias necessárias a cada área. A capacitação de profissionais para o atendimento nas UTIs faz parte do processo.
O Estado tenta a habilitação, no Ministério da Saúde, de 790 leitos adultos de UTI, além de 20 voltados ao acolhimento de crianças. O presidente do Cosems pediu apoio da Assembleia Legislativa para o credenciamento dos leitos junto à saúde federal. Em Belo Horizonte, a expectativa é de que, contando vagas de UTI e em enfermaria, sejam abertos 375 novos leitos na segunda quinzena deste mês. O objetivo é credenciar 1.222 novos espaços em julho.
Segundo a secretária adjunta de Saúde de BH, Taciana Malheiros, as taxas de ocupação causam temor aos gestores da cidade. “Isso é um dado que nos preocupa muito. Temos visto grande pressão assistencial sobre nossa central de internação”, alertou (leia mais na página 5). Na semana passada, a capital conseguiu habilitar 35 novos leitos.
Médicos e testes
Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, também tem grande responsabilidade no enfrentamento à doença. A cidade é responsável por atender pacientes de 57 municípios do entorno. A secretária municipal de Saúde, Maflávia Ferreira, listou ações como a destinação de espaço da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) apenas para casos de COVID-19, a contratação de médicos para encorpar os plantões noturnos e a aquisição de testes.Odelmo Leão (PP), prefeito de Uberlândia, no Triângulo, também participou da conferência. Ele afirma que o município faz 2.203 testes a cada 100 mil habitantes, número superior à média estadual de exames (135 a cada 100 mil pessoas). Leão lamentou, no entanto, a baixa adesão da população ao isolamento social. Em 19 de abril, durante o feriado prolongado de Tiradentes, o índice chegou a 54,6%. Entre 28 de abril e 11 de junho, a média foi de 39,6% – a queda ocorreu simultaneamente ao início da retomada gradual das atividades comerciais. O isolamento em Uberlândia está cerca de 12% abaixo da média estadual.