O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é o responsável pelo alto número de mortes por COVID-19 no Brasil. É o que afirma Fernando Haddad (PT), que disputou o segundo turno da eleição presidencial de 2018. Em entrevista ao CB.Poder — uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília —, nesta terça-feira (16/3), ele falou sobre as dificuldades da oposição para articular um pedido de impeachment e citou a postura de Bolsonaro diante da pandemia como uma das principais razões.
Veja a entrevista na íntegra:
Haddad afirmou que relutou em pensar no impeachment como solução para os problemas criados pelo governo, mas, por causa dos "crimes contra a Constituição" e pela forma como o presidente agiu durante a pandemia, já existem motivos suficientes. "Eu considero Bolsonaro responsável pelo patamar de mortes em que estamos. Em agosto, segundo estudos, o Brasil pode inclusive superar o número dos Estados Unidos. Podemos ter 100 mil mortes se ele continuar sabotando as ações dos governos estaduais contra a pandemia. Os profissionais de imprensa estão com medo de trabalhar por causa das incitações feitas contra eles. Enquanto isso, batemos recorde de mortes”, disse.
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Com Ciro e Haddad, lideranças da esquerda pedem renúncia de BolsonaroHaddad chama Bolsonaro e Guedes de parasitasSem Haddad, petistas veem risco de isolamentoApós ações do STF contra aliados, Bolsonaro fala em tomar 'medidas legais'O petista também afirmou acreditar que o governo federal foi o maior sabotador do isolamento social e que a flexibilização nos estados depende de uma estrutura de saúde minimamente capaz de atender à demanda da sociedade caso haja aumento no número de infectados por COVID-19. Caso contrário, seria uma "irresponsabilidade".
"O isolamento tem que ser bem feito e o governo federal foi o maior sabotador disso. São Paulo estava agindo certo na época em que o Mandetta estava no Ministério da Saúde. Nas últimas duas semanas, no entanto, tem emitido sinais contraditórios. Fizeram tentativas de rodízio e outras ações, mas não deu certo e voltaram atrás. Sinto que aqui em São Paulo existe uma postura muito mais séria por parte do governador e prefeito, ambos do PSDB. Mas, às vezes, estão tomando medidas nem sempre coerentes", pontuou.
O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação também disse acreditar que, ao atacar os demais poderes que constituem a República, o chefe do Executivo já cometeu crime de responsabilidade. No entanto, PDT e PSDB foram contra a abertura do processo. "Acredito que a postura do PDT e PSDB neste momento não fortalecem o Bolsonaro, mas enfraquecem o Judiciário e Legislativo. A população desaprova o governo; o presidente envergonha o Brasil no exterior; a imprensa mundial retrata-o ou com desprezo ou ironia. Isso é lamentável para um país como o nosso", afirmou Haddad.
Haddad falou ainda sobre a aproximação do "Centrão" do governo. Para ele, a situação atual nunca foi vista antes. "O Centrão se amolda ao governo que está em curso. FHC teve apoio deles, Lula também. Mas nenhum dos dois abriram mão dos seus projetos de país para ter o apoio do 'Centrão'. O que acontece de diferente agora é que Bolsonaro não tem um projeto. Quem vai assumir o protagonismo no governo pela primeira vez na história é o 'Centrão'. É a primeira vez que isso acontece. Agora temos um governo sem projeto", completou.
* Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão
* Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão