Chargistas de todo o país participaram de uma campanha em apoio a Renato Aroeira. Usando a tag #SomosTodosAroeira, os profissionais repudiaram a decisão do ministro da Justiça, André Mendonça, que pediu a abertura de um inquérito contra Aroeira e contra o jornalista Ricardo Noblat após a publicação de uma charge do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com uma suástica — símbolo associado ao nazismo.
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Antes do pedido de Mendonça, a conta oficial da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República — antes comandada por Fabio Wajngarten e hoje subordinada ao recém-criado Ministério das Comunicações, chefiado por Fábio Faria, integrante do Centrão e genro de Silvio Santos — publicou no Twitter: "Falsa imputação de crime é crime. O senhor Ricardo Noblat e o chargista estão imputando ao Presidente da República o gravíssimo crime de nazismo; a não ser que provem sua acusação, o que é impossível, incorrem em falsa imputação de crime e responderão por esse crime".
Noblat classificou a postagem como uma ameaça, e escreveu que a Secom "virou mais um canal do gabinete do ódio": "Isso é desvio de função. Configura crime de improbidade administrativa. Seu responsável deveria ser intimado a se explicar". O colunista da revista Veja ainda republicou algumas das charges feitas em apoio a Aroeira.
Já Renato Aroeira agradeceu o apoio dos colegas e divulgou o link de um abaixo-assinado "pela liberdade de expressão". "Nós, artistas, escritores, jornalistas, cientistas e professores, que não podemos viver e trabalhar sem democracia e liberdade, repudiamos frontalmente a declaração do Sr. Ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que ameaçou instaurar inquérito contra o grande artista gráfico Renato Aroeira", diz a descrição do documento.