O cumprimento do mandado de prisão contra o policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, teve alguns cuidados a mais. Para evitar vazamentos, a Polícia Civil só teve ciência do local e do alvo às 4h30 da manhã, em uma reunião operacional em Campinas (SP) com os promotores de Justiça do Ministério Público de São Paulo (MPSP) que iriam cumprir o mandado. A prisão foi cumprida em Atibaia (SP).
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Também não houve reconhecimento de local, como costuma acontecer, com envio de equipes para avaliar o espaço, ver quantas pessoas seriam necessárias e se haveria necessidade de algum equipamento especial. “A gente ficou com medo de que alguma diligência que a gente fizesse pudesse comprometer o sucesso do cumprimento das ordens”, disse Moura.
Buscando o endereço de outras maneiras, foi possível observar que o local poderia ser um escritório de advocacia. Queiroz foi preso em um imóvel identificado com uma placa como escritório de Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro e do senador Flávio. Por isso, os promotores solicitaram o comparecimento de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), mas sem especificar também a cidade ou o alvo.
Apesar de oficialmente ser identificado como um escritório, Moura pontua que o local não aparenta ter esta destinação. “Materialmente, as circunstâncias do interior do imóvel não se assemelham àquelas que a gente normalmente verifica num ambiente profissional. Não havia estação de trabalho, notebook, impressoras. Aparentava mais características semelhantes a de uma casa”, afirmou.
Questionado se acreditava que o local era identificado como escritório de advocacia para evitar uma entrada durante operação policial, pelas prerrogativas de advogados, o promotor disse que essas informações só podem ser passadas com precisão pelos promotores do RJ que conduzem as investigações. "Pode ter relação com alguma coisa que eles sabem. A gente só recebeu ordem para ser cumprida", pontuou.
As equipes foram ao local também com um mandado de prisão contra a esposa de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. Ela, no entanto, não estava no local. Conforme o promotor, ao ser questionado, Queiroz disse que ela estava no Rio de Janeiro.
A prisão de Queiroz foi feita no âmbito das investigações do MP do Rio e apuram a sua participação em um esquema de desvio dos salários de servidores do gabinete de Flávio na época em que ele era deputado estadual pelo RJ - prática conhecida como "rachadinha".