Passadas as primeiras 24 horas da prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), a primeira estratégia política dos aliados do presidente Jair Bolsonaro será de “contenção de danos”, ou seja, tentar colocar o caso no seu “cercadinho” — não no do Alvorada, que deve ser desfeito nos próximos dias. É trabalhar um discurso que deixe o caso restrito ao Rio de Janeiro, à Assembleia Legislativa do estado, de forma a não contaminar o mandato de senador.
Leia Mais
Filha de Olavo de Carvalho vai ao escritório em Atibaia e brinda prisão de QueirozDefesa de Queiroz entrará nesta sexta com pedido de habeas corpusAdvogado de Bolsonaro não cometeu crime ao hospedar Queiroz, dizem especialistasBolsonaro ignora apoiadores pelo segundo dia consecutivoQueiroz: homem-bomba do clã Bolsonaro preso sobe tensão na EsplanadaCarlos Bolsonaro acusa Maia de fake news após indicar Joice para cargo na Câmara'Meu pai é burro!', afirma filha de Queiroz; ele 'não fecha a boca', diz esposaAdvogado de Flávio Bolsonaro, Fred Wassef, vai ser investigado pela OAB-SP Casa onde Queiroz foi encontrado: cartaz do AI-5 e bonecos de mafiososAdvogado dos Bolsonaro negava contato com QueirozAté aqui, os Bolsonaro trataram de manter o maior distanciamento possível de Queiroz. Por isso, a presença de Wassef na história preocupa. Não é crime hospedar ninguém, Queiroz não era foragido. Porém, quando se trata do advogado de um senador que diz não ter a menor informação ou contato com o ex-assessor, várias perguntas surgem entre deputados e senadores.
Há muito a ser esclarecido nos próximos dias. Primeiro, é preciso saber se o advogado informou ao presidente e a Flávio que Queiroz estava num imóvel de sua propriedade. Se não informou, não seria o caso de quebra de confiança? Se informou, por que eles negavam saber onde estava o ex-assessor? Além disso, com tantas pessoas que poderiam abrigar Queiroz, por que justo um amigo do presidente e advogado de seu filho, o senador Flávio?
As primeiras 24 horas passaram sem que essas questões fossem respondidas. Diante disso, a política trabalhará com os elementos de que dispõe. Os aliados querem blindar o presidente, ou seja, o caso Queiroz é antigo e não se trata de algo ligado diretamente ao mandato de Flávio, tampouco diretamente à Presidência da República. A oposição discorda e fará o possível para colocar o chefe do Executivo no olho desse furacão.
Resta saber se o cercadinho vai segurar o desgaste político que chegou à porta do Alvorada. No gabinete de Flávio, avaliam alguns, já entrou. Afinal, ou houve quebra de confiança entre cliente e advogado — que hospedou um ex-assessor investigado sem informar ao senador Flávio —, ou Queiroz estava lá com o conhecimento do senador, que negava ter qualquer informação sobre o ex-assessor.
Juridicamente, isso pode não significar nada. Mas, politicamente, é mais um ingrediente apimentado no caldeirão de tensões que se vive em Brasília. A oposição vai explorar e misturar tudo o que os aliados tentam colocar em estações separadas para, se possível, administrar a cada dia a sua aflição.