O Tribunal de Contas da União (TCU) quer ouvir o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro sobre os contratos de trabalho firmados por ele após deixar o governo federal. Atualmente, Moro é colunista de veículos da imprensa, mas segue recebendo o salário integral de ministro. Ele goza do benefício concedido a autoridades que deixam a administração pública federal para cumprir uma “quarentena”, sem exercer outras funções remuneradas.
representação do subprocurador-geral do Ministério Público junto ao TCU (MPTCU), Lucas Rocha Furtado, que pede a suspensão da remuneração dada a Moro durante o período de seis meses em que ele estiver de quarentena. Considerando que o ex-ministro esteja com mais de uma fonte de renda, Furtado também defende que Moro devolva aos cofres públicos os valores recebidos.
A decisão partiu do ministro-presidente do TCU, Bruno Dantas. Ele recebeu uma No entanto, Dantas não encontrou na representação do subprocurador “qualquer elemento de convicção que sugira ou demonstre que a atividade desenvolvida pelo ex-ministro é, de fato, remunerada” e determinou, pelo menos por enquanto, que seja recolhido apenas o depoimento de Moro para que ele “se assim desejar, apresente manifestação acompanhada de informações acerca de contratos de trabalho, remunerados ou não, que tenha firmado desde que deixou o cargo”.
Duas perspectivas
“A meu ver, a questão merece ser examinada em duas perspectivas. A primeira acerca da regularidade do recebimento de recursos públicos concomitantemente à existência de outras fontes de subsistência, vez que só se justifica a remuneração na quarentena para que o ex-agente possa se manter afastado de qualquer fonte de conflito de interesses. A segunda ótica diz respeito à natureza do trabalho a ser desempenhado, porquanto há que se verificar se a atividade exercida pelo ex-ministro é compatível com as disposições da Lei de Conflito de Interesses”, escreveu Dantas, na decisão.
Depois da exoneração de Moro, a Comissão de Ética da Presidência da República proibiu que o ex-ministro advogasse na quarentena, mas autorizou que ele atuasse como professor e articulista de jornal e revistas durante o período de seis meses. Mesmo sob o aval da comissão, no entanto, o subprocurador Furtado acredita que “há, sim, irregularidade quando Moro recebe recursos públicos para deixar de trabalhar (prazo de seis meses da quarentena) quando, em verdade, está trabalhando”. Furtado prossegue: “Acumulação essa que entendo ser indevida a ensejar possível dano ao erário. Apesar da minha tendência incentivadora à liberdade de imprensa, entendo que a importância dos veículos de comunicação não deve subjugar o princípio da legalidade e o princípio da moralidade”.