O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi designado o relator de ação apresentada pela Rede contra a decisão que concedeu foro privilegiado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no caso das "rachadinhas". O Ministério Público do Rio também apresentou reclamação ao Supremo contra o entendimento dos desembargadores.
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Flávio Bolsonaro pede suspeição de juiz em inquérito eleitoralMP vai ao STF contra foro privilegiado para Flávio BolsonaroForo privilegiado para Flávio Bolsonaro pode ser revisto, avalia advogadaCentrão faz jantar 'descontraído' para Flávio BolsonaroA vitória para a defesa de Flávio foi criticada por especialistas, que apontaram contradição com jurisprudência do Supremo. A Rede alega que a decisão do Tribunal de Justiça do Rio "destoa da dinâmica constitucional de responsabilização criminal dos agentes públicos".
"É claro que o pretenso esquema da 'rachadinha' apenas existiu em razão de o Sr. Flávio Bolsonaro ser uma autoridade estadual; do contrário, não teria assessores públicos para pretensamente dividirem o salário mensal. Contudo, tal constatação não leva a crer que os supostos crimes se deram em relação com as funções desempenhadas, pois nada havia de ligação entre desvio de dinheiro e o exercício do mandato estadual", afirmou a Rede.
O Ministério Público, que recorreu nesta segunda-feira, 29, ao Supremo contra o foro privilegiado concedido a Flávio, alegou que a decisão do TJRJ foi uma "inovação indevida" no ordenamento jurídico "que não merece prosperar". Segundo a Promotoria, o entendimento dos desembargadores concedeu uma vantagem de cunho pessoal ao filho do presidente - "privilégio esse incompatível com o Estado republicano".
As ações do decano
Celso de Mello coleciona processos que incomodam o Planalto, sendo o principal deles o inquérito que apura interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.
O decano relata o processo, e deverá decidir nos próximos dias sobre o depoimento de Bolsonaro à PF. Manifestações dadas em decisões anteriores sinalizam que o decano possa autorizar uma oitiva presencial, diferentemente do que ocorreu com o ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2017, que depôs por escrito no caso das gravações da JBS.
O entendimento do decano é que a prerrogativa dada ao emedebista só vale para autoridades que são testemunhas ou vítimas de crime - Bolsonaro é investigado.
O ministro também é relator do inquérito sobre suposto crime de racismo cometido pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub. Após a saída do ex-chefe do MEC, o caso será destinado à primeira instância.