Para o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, a corrupção envolvendo os recursos públicos destinados à saúde em meio à pandemia do novo coronavírus são uma espécie de 'genocídio'.
"Não vou dizer que é um crime lesa a pátria, é quase um crime de genocídio. Você deixar as pessoas ao desamparo, aproveitando a fragilidade e a vulnerabilidade do sistema de controle, ou dessa urgência decorrente da pandemia para ter esse tipo de comportamento. Vejo com grande pesar", afirmou o ex-juiz à GloboNews na noite desse domingo (5).
O Ministério Público, Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) investigam desvios de recursos públicos na Saúde em pelo menos 6 cidades. Em 15 de junho, a Operação Exam cumpriu mandados de busca e apreensão em Cabo Frio (RJ), São Pedro da Aldeia (RJ), São João de Meriti(RJ), Nova Iguaçu (RJ), Miracema (RJ), além de Vila Velha, no Espírito Santo. O prejuízo aos cofres públicos calculado até o momento é de R$ 7 milhões. "Nenhuma sociedade vive com níveis tão gritantes de corrupção ou impunidade", comentou Moro sobre as denúncias.
Na avaliação do ex-juiz, o legado para da Lava-Jato para a sociedade foi sobretudo uma fiscalização mais intensa dos agentes públicos, além da redução da sensação de impunidade.
"Por mais lamentável que sejam, eles (os corruptos) nos dão uma lição importante combater a corrupção. Nos ensinam a estar sempre vigilantes ao comportamento dos nossos governantes e agentes públicos. A população tem que ser fiscal do comportamento dos servidores públicos", analisou.