O deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade/SP) é alvo, nesta terça-feira (14), de operação da Polícia Federal, que investiga crimes eleitorais, em mais uma fase da Lava-Jato.
Leia Mais
Procuradoria pede ao STF condenação e interdição de Paulinho da ForçaPF indicia Paulinho da Força por repasses de R$ 1,8 milhão da OdebrechtDeputado federal Paulinho da Força será alvo do STF em novo inquéritoVereador de Araxá confessa a prática de falsidade ideológica eleitoralSecretário de Fronteira tem celular apreendido por suspeita de crime eleitoralEm artigo, Decotelli admite 'soberba': 'preciso reconhecer meus erros'Nesta operação, batizada de Dark Side, são cumpridos sete mandados de busca e apreensão em Brasília e São Paulo.
As ordens foram expedidas pela 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, que determinou ainda o bloqueio judicial de contas bancárias e imóveis dos investigados. Segundo a PF, o inquérito foi remetido à Justiça Eleitoral de São Paulo em 2019, com a colaboração premiada de integrantes da J&F.
"Por meio da quebra dos sigilos bancários, intercâmbio de informações com o Coaf, testemunhos de pessoas relacionadas aos fatos, dentre outras medidas investigativas, foi constatada a existência de fundados indícios do recebimento por parlamentar federal de doações eleitorais não contabilizadas, de maneira dissimulada, durante as campanhas eleitorais dos anos de 2010 e 2012, no valor total de R$ 1.700.000,00", afirmou a corporação em nota.
Simulação
Os pagamentos teriam ocorrido por meio da 'simulação da prestação de serviços advocatícios e também mediante o pagamento de valores em espécie, contando para isso com doleiros', indicou a PF.
A corporação apontou ainda que o escritório de advocacia supostamente envolvido na simulação da prestação de serviços tinha como um dos seus sócios o genro do parlamentar.
Com a quebra do sigilo bancário do escritório, os investigadores identificaram a transferência de valores próximos à eleição de 2012, supostamente oriundas da Força Sindical e não declarada na campanha do deputado.
"Além disso, foi constatada a existência de diversas operações financeiras, relativamente atuais, que se enquadram em tipologias da lavagem de dinheiro, em especial o fracionamento de operações financeiras. Essas movimentações, não relacionadas ao parlamentar, indicam a possibilidade da prática de outros atos de lavagem de dinheiro autônomos e conexos, o que será objeto de aprofundamento na fase ostensiva das investigações", afirmou a PF em nota.
A corporação informou que os investigados podem responder, na medida de suas participações, pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro, com penas de 3 a 10 anos de prisão.
Justiça Eleitoral
A operação de hoje foi deflagrada baseada em inquérito policial encaminhado à Justiça Eleitoral de São Paulo, em 2019, depois da colaboração premiada de acionista e executivos do Grupo J&F.
De acordo com as investigações, foi constatada a existência de indícios do recebimento de doações eleitorais não contabilizadas durante as campanhas eleitorais dos anos de 2010 e 2012, no valor total de R$1,7 milhão.
Não é a primeira vez
Em abril passado, a Procuradoria-Geral da República denunciou Paulinho da Força pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro envolvendo a Odebrecht.
Citado na delação da empreiteira, o parlamentar é acusado de receber propina de R$ 1,8 milhão em espécie para atuar a favor dos interesses da companhia. De acordo com a Procuradoria, o destino do "dinheiro de corrupção" foi o "bolso" do próprio deputado.
Em março deste ano, o subprocurador-geral da República Julia
no Baiocchi Villa-Verde pediu ao Supremo Tribunal Federal a condenação do deputado federal Paulinho da Força (SD-SP) pelos crimes de formação de quadrilha, desvio de finalidade de empréstimo oficial e lavagem de dinheir.
Defesas
A reportagem entrou em contato com o gabinete do deputado e com a Força Sindical. O espaço está aberto para manifestações.