Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Mandetta rebate acusação de Bolsonaro: 'Talvez estivesse sob efeito de medicamento, sofrendo de delírio'

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
Ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) rebateu o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o havia acusado de inflar os números da COVID-19 no Brasil. Para o médico ortopedista, o chefe do Executivo federal poderia estar ‘sob efeito de algum medicamento, sofrendo de algum delírio” quando deu a declaração.



“Acho que talvez ele estivesse sob efeito de algum medicamento, sofrendo de algum delírio, alguma coisa fora do seu estado de normalidade. Um homem submetido a muito estresse, a muita pressão, às vezes toma algum medicamento para dormir, não se sente bem... Ou comeu alguma comida estragada, aí falou uma bobagem dessas. Tem que perdoar, coitado”, disse Mandetta, em entrevista publicada nesta terça-feira (14) pela Deutsche Welle Brasil.

Bolsonaro acusou o ex-ministro de ‘inflar’ os números nacionais da pandemia em entrevista no dia 11 de junho. Na ocasião, o país havia ultrapassado as marcas de 40 mil mortes e 800 mil casos confirmados de coronavírus. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nessa segunda, os números chegam a 72.833 óbitos e 1.884.967 casos.

“Levando-se em conta o ministro anterior, esses números eram fictícios. E ele todo dia estava vendendo o peixe de ‘fique em casa’, ‘não saia, a curva tem que amansar’, ‘ciência, foco, foco na OMS (Organização Mundial da Saúde)’. Olha o vexame da OMS aí. Gosto do Mandetta como pessoa, mas ali ele deu uma escorregadinha na questão da pandemia. Deu uma inflada”, declarou Bolsonaro.



Em outro momento da entrevista, Mandetta voltou a criticar o ex-chefe. “Ele se expôs ao ridículo de ir à rede nacional de televisão dizer que o coronavírus seria só uma ‘gripezinha’ que não mataria ninguém”, disse, em referência a declarações feitas por Bolsonaro em março.

O presidente tratou a COVID-19, que já matou mais de 570 mil pessoas pelo mundo, como uma ‘gripezinha’ em pelo menos duas oportunidades. Em 20 de março, fez menção à facada que sofreu durante a campanha eleitoral, em 2018: “Depois da facada, não vai ser uma 'gripezinha' que vai me derrubar", disse.

Apenas quatro dias depois, voltou a falar sobre o tema, desta vez em pronunciamento transmitido em rede nacional. “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma 'gripezinha' ou resfriadinho”, afirmou.