O processo de militarização do Ministério da Saúde é como colocar a condução da crise do novo coronavírus “nas mãos de jogadores de futebol” ou de “físicos nucleares”, disparou o ex-ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS). Demitido do cargo em 16 de abril por conta de discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o enfrentamento à COVID-19 no Brasil, o médico ortopedista criticou veementemente as decisões tomadas pelo chefe do Executivo.
“É como se você colocasse a condução do Ministério da Saúde, no momento de maior risco da história do país, nas mãos dos jogadores de futebol, nas mãos dos físicos nucleares... Abre-se mão da academia, de séculos de construção do saber em saúde pública”, declarou Mandetta, em entrevista publicada nesta terça-feira (14) pela Deutsche Welle Brasil.
Nelson Teich. O oncologista, entretanto, ficou menos de um mês no cargo antes de pedir demissão. Em 15 de maio, assumiu interinamente o general Eduardo Pazuello, que continua na direção da pasta.
Depois da saída de Mandetta, Bolsonaro elegeu outro médico para administrar a Saúde: “O Ministério da Saúde, governadores, prefeitos iam em uma direção, enquanto o presidente ia na outra (na gestão da crise da COVID-19). O desconforto foi tamanho que fui exonerado, já o ministro seguinte [Teich] pediu exoneração. O que vimos, a partir daí, foi uma ocupação militar no Ministério da Saúde”, prosseguiu Mandetta.
O processo de militarização do Ministério da Saúde não parou por aí. Homens de confiança de Mandetta, o ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, e o ex-secretário-executivo, João Gabbardo, também foram demitidos.
“O Wanderson é um enfermeiro com mestrado e doutorado, especializado no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) nos Estados Unidos. O Gabbardo é ex-secretário estadual de Saúde, 41 anos de experiência na área, acostumado com gestão de crises. Era um conjunto todo de saber que foi trocado. Agora, perderam a linha do tempo, as políticas que tinham sido iniciadas. Não foram anunciadas novas medidas porque não há competência para isso. Os militares só estão esquentando a cadeira do Ministério da Saúde para uma indicação política, provavelmente alguém do centrão”, completou.
Cloroquina
No processo de militarização do Ministério da Saúde, Bolsonaro alegou que a experiência de Pazuello em logística o qualificaria para o cargo. Entre outras coisas, o presidente apostou na distribuição e no aumento dos estoques de cloroquina e hidroxicloroquina - medicamentos cuja eficácia contra o coronavírus não é comprovada cientificamente. O tema também motivou críticas de Mandetta.
“Foi dito que os militares foram para o Ministério da Saúde por sua especialidade em logística: agora temos alguns medicamentos, em que gastamos muito dinheiro, para quase 20 anos de consumo. O presidente sempre diz para ‘deixarmos a história julgar’. Então provavelmente teremos um capítulo chamado ‘Cloroquina no Brasil’, já que somos o único país em que ainda se discute isso com mais empenho do que enfrentar os graves problemas causados pela pandemia”, disse.
Falta de transparência
Ao comentar a redução na transparência dos dados nacionais da COVID-19 - que tomou conta dos noticiários no início de junho -, o ex-ministro voltou a criticar as decisões tomadas pelo governo federal após a militarização da Saúde.
“Na Saúde não pode existir segredo. Quanto mais você orienta a população e é transparente, melhor. Quando você coloca segredos em cima de uma doença infecciosa, você erra profundamente, porque o segredo passa a ser o aliado do vírus. Na cabeça dos militares, o segredo é importante, pois com ele você surpreende o inimigo. Nos anos 1970, o Brasil teve uma epidemia de meningite, que foi classificada como proibida de ser comentada. A doença se alastrou pelo Brasil inteiro. O que eles fizeram [com os dados] acabou com as condições mínimas que eles tinham de pedir qualquer colaboração da população”, finalizou.
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
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O que é o coronavírus
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Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
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Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
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