O desempenho do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no combate ao novo coronavírus vem sendo criticado desde o início da pandemia no Brasil, quando houve, por exemplo, a fatídica fala sobre a “gripezinha”. Porém, nesta quinta-feira (20), uma nova polêmica envolvendo a gestão pública federal veio à tona.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a ata de uma reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE), do Ministério da Saúde, mostra uma orientação para não divulgar informações sobre escassez de insumos e medicamentos durante a pandemia.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a ata de uma reunião do Comitê de Operações de Emergência (COE), do Ministério da Saúde, mostra uma orientação para não divulgar informações sobre escassez de insumos e medicamentos durante a pandemia.
A omissão desses dados teria sido discutida e recomendada em um encontro em 29 de maio, quando o general Eduardo Pazuello já estava no comando do ministério, e cinco dias antes do estopim da crise envolvendo a falta de transparência em relação ao número de casos e óbitos por COVID-19.
Segundo O Globo, o documento aponta que, na época, havia 267 insumos com risco de desabastecimento, dos quais muitos tinham origem fora do Brasil. Então, o Comitê mostra a necessidade de fazer um chamamento junto às empresas para que relatem quais produtos seriam esses. A ata sobre a reunião traz ainda a orientação: "IMPRTANTE(sic): Não fazer divulgação dos dados".
Na ocasião, o COE discutia o desabastecimento de insumos e medicamentos e buscava ações junto à Anvisa para resolver o caso. Entre as questões levantadas na reunião, estavam a escassez de matéria-prima e as dificuldades com importação de medicamentos.
O documento não detalha quais seriam os insumos e medicamentos em falta. Porém, determina que o levantamento dessas informações seja atualizado continuamente. Dias antes, em outra reunião do COE, em 25 de maio, o Comitê estabelecia a necessidade de apurar "por que os estados não estão conseguindo comprar os medicamentos de UTI".
Sobre o caso, o Ministério da Saúde afirmou que levantamento da Anvisa verificou que não havia falta de Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e respondeu que "a divulgação desses dados compete à agência reguladora, conforme normativas existentes". Disse ainda que "acompanha desde maio os estoques de sedativos e junto com Conass e Conasems vem buscando soluções adequadas para auxiliar os gestores locais que não estão conseguindo adquirir os medicamentos."