Na contramão da ciência, o governo Jair Bolsonaro apostou suas fichas no uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Porém, o presidente não ficou apenas na propaganda do remédio, conforme mostra documento do Comitê de Operações de Emergência (COE), do Ministério da Saúde, de uma reunião feita em 25 de maio. No início de julho, o Brasil já tinha um estoque de quatro milhões de comprimidos do medicamento.
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Bolsonaro e as emas: depois de algumas bicadas, presidente leva cloroquina para as avesAta de reunião do COE tem orientação para não divulgar escassez de medicamentos'Tem uma pessoa que gosto muito em BH', diz Bolsonaro sobre eleições municipaisExército compra insumo para cloroquina 167% mais caro, diz reportagemAlém disso, novas distribuições da cloroquina estariam previstas entre julho e agosto, mas a ata não apontou os locais e quantidades. "Com isso, ficou em estoque para devolução 1.456.616, estamos aguardando maiores definições para proceder ou não o recolhimento", mostra o registro do encontro.
De acordo com a reportagem, algumas mudanças nas orientações para ampliação da oferta da cloroquina foram apenas comunicadas ao comitê por alguns membros do ministério, sem que técnicos pudessem decidir sobre as medidas.
A hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, conforme estudos científicos publicados em vários países. Sobre o caso, o Ministério da Saúde informou que “o uso de qualquer medicamento compete à autonomia e orientação médica, em consonância com o esclarecimento e consentimento do paciente”.