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Estado de Minas

Governo pode ter quatro milhões de comprimidos de cloroquina em estoque

Documentos de reunião mostram que o presidente foi avisado sobre risco de mudança em protocolo


23/07/2020 23:59 - atualizado 24/07/2020 00:09

Novas distribuições da cloroquina estariam previstas entre julho e agosto(foto: Facebook/Reprodução)
Novas distribuições da cloroquina estariam previstas entre julho e agosto (foto: Facebook/Reprodução)
Na contramão da ciência, o governo Jair Bolsonaro apostou suas fichas no uso da hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Porém, o presidente não ficou apenas na propaganda do remédio, conforme mostra documento do Comitê de Operações de Emergência (COE), do Ministério da Saúde, de uma reunião feita em 25 de maio. No início de julho, o Brasil já tinha um estoque de quatro milhões de comprimidos do medicamento. 

Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, publicada na noite desta quinta-feira (23), técnicos do COE alertaram o governo sobre a possibilidade de as reservas ficarem paradas. “Devido à atual situação não é aconselhável trazer uma quantidade muito grande, pois caso o protocolo venha a mudar, podemos ficar com um número em estoque parado para prestar contas", diz o documento obtido pela Folha

Além disso, novas distribuições da cloroquina estariam previstas entre julho e agosto, mas a ata não apontou os locais e quantidades. "Com isso, ficou em estoque para devolução 1.456.616, estamos aguardando maiores definições para proceder ou não o recolhimento", mostra o registro do encontro.

De acordo com a reportagem, algumas mudanças nas orientações para ampliação da oferta da cloroquina foram apenas comunicadas ao comitê por alguns membros do ministério, sem que técnicos pudessem decidir sobre as medidas. 

A hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus, conforme estudos científicos publicados em vários países. Sobre o caso, o Ministério da Saúde informou que “o uso de qualquer medicamento compete à autonomia e orientação médica, em consonância com o esclarecimento e consentimento do paciente”. 


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