Mais um membro da equipe econômica decidiu deixar o governo. É o diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda do Ministério da Economia, Caio Megale, que pediu para sair do cargo, com a intenção de voltar ao mercado financeiro. Trata-se da terceira baixa na equipe comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em apenas um mês.
É que, no último dia 15, Mansueto Almeida também trocou o Tesouro pela iniciativa privada. E, na sexta-feira, Rubem Novaes pediu demissão da presidência do Banco do Brasil, alegando cansaço. Por sua vez, Megale já deixa a direção de programas da Secretaria Especial de Fazenda na sexta-feira.
Fontes próximas ao economista explicaram que ele já vinha planejando a saída e havia avisado a equipe desse desejo. O plano de Megale é voltar a São Paulo, para ficar mais perto da família. Não há confirmação também de que ele teria sofrido pressões por causa do aumento de gastos decorrente dos recursos concedidos a estados e municípios para enfrentarem a pandemia do novo coronavírus.
Integrantes do mercado financeiro, contudo, receberam a notícia com surpresa e apreensão. Analistas de bancos e corretoras dizem que é estranho o fato de três integrantes da equipe econômica abandonarem o governo em tão pouco tempo, todos alegando razões pessoais. Por outro lado, acreditam que isso não enfraquece a equipe. Eles entendem que enquanto Paulo Guedes for ministro da Economia o ajuste fiscal será uma prioridade. O teto de gastos impede o avanço – no Congresso ou dentro do próprio governo – de qualquer intenção de aumentar as despesas acima do limite permitido pela regra constitucional.
Fontes ligadas a Guedes reforçaram que não foi a pressão pelo aumento de gastos no pós-pandemia que provocou mais essa baixa, visto que o governo está sujeito ao teto de gastos. E dizem que, como estava em uma assessoria da Secretaria Especial da Fazenda, Caio Megale deve ser substituído por alguém que já integra a equipe econômica. No entanto, Guedes ainda está definindo quem vai substituir Rubem Novaes na presidência do Banco do Brasil.
Experiência
Megale tem experiência no mercado; foi secretário da Fazenda da prefeitura de São Paulo no início da gestão Bruno Covas (PSDB); e está na equipe econômica desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Em Brasília, exerceu três funções. Foi secretário da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação; assessor especial de Guedes; e diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda.
Recentemente, Megale entrou na lista de cotados a assumir o Tesouro, mas continuou na Fazenda já que Guedes colocou Bruno Funchal no lugar de Mansueto. Depois disso, contudo, já foi escalado para defender publicamente programas importantes para o governo, como o plano de auxílio aos estados e municípios na pandemia de COVID-19.
Megale ocupou as três funções nos 19 meses em que integrou a equipe de Guedes. Quando assumiu a secretaria de Desenvolvimento da Indústria Comércio, Serviços e Inovação, o objetivo era fazer a ponte entre o ministério e o setor privado. O cargo era subordinado ao secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), Carlos da Costa. Insatisfeito com esvaziamento dessa secretaria, em julho do ano passado, ele foi promovido a assessor especial do próprio ministro, passando a despachar diretamente com Guedes.
Em janeiro deste ano, porém, ele perdeu a posição para Esteves Colnago e foi realocado como diretor de programas na Secretaria Especial de Fazenda, comandada por Waldery Rodrigues. Na semana passada, Megale foi o escalado por Waldery para argumentar que o socorro federal a estados foi mais do que suficiente para compensar a arrecadação perdida pelos governos estaduais durante a pandemia de COVID-19.
Jogo de cadeiras
Deixaram de trabalhar sob o comando do ministro da Economia
» Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional
» Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil
» Cario Megale, ex-diretor da Secretaria Especial de Fazenda