Jornal Estado de Minas

PANDEMIA DE VALORES

Mandetta sobre Bolsonaro: 'Nem mesmo a doença foi capaz de transformá-lo'

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que na manhã desta quinta-feira (30) visitou a cidade de São Raimundo Nonato, no PiauíSem máscara e com chapéu branco de couro, o presidente montou em um cavalo e acenou para as pessoas que o chamavam de "mito". “Nem mesmo a doença foi capaz de transformá-lo para um olhar mais sensível em relação às pessoas”, afirmou.




A declaração foi feita em live do projeto conjunto dos partidos PDT, PSB, Rede e PV “Janelas Pela Democracia”. 

“Quais são os valores que regem uma nação? O principal líder, o presidente, entendeu que o Ministério da Saúde seria sua oposição, começou um discurso e criou um enredo político, não se enganem, nada de loucura ou inconsequência, mas sim uma narrativa política…Para assim, retirar a voz do Ministério da Saúde e deixar os prefeitos e governadores na linha de tiro das pessoas ”, disse Mandetta.

De acordo com ex-ministro, essa pandemia é uma “epidemia de valores”. Para Mandetta, o ministério foi “silenciado por uma ocupação militar que deixou de  ter gestão em saúde e passou a ter um ministério ocupado por aqueles que querem uma promoção de carreira militar e não tem nenhum compromisso com o Sistema de Saúde.” 

Desafios no ministério 

Durante discurso, Mandetta explicou sua passagem pelo Ministério da Saúde e relatou diversos desafios. Entre eles, a transparência dos números e conscientização da população.

“O Brasil se viu em uma necessidade de diminuir o número de contágio para poder aumentar os leitos e aí sim entrar na pandemia”, explica Mandetta. “Me questionei muito como faria isso de uma maneira que eu protegesse os trabalhadores da saúde e ao mesmo tempo garantisse a ampliação da parte hospitalar”, contou.





Mandetta explica que a solução foi feita de forma “transparente”. Ele relata que ao conversar com os colegas do ministério, percebeu que os números e dados eram a melhor forma de conscientizar a população.  “Deixamos que as pessoas montassem dentro das suas famílias a primeira linha de cuidado que foi definida principalmente pelo matriarcado brasileiro. Foram as mulheres que puxaram essa responsabilidade de organizar seus pais, avós, tias, maridos e jovens”, explicou.

* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.