O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está apostando sucesso dos estudos desenvolvidos pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, para a criação de uma vacina contra a COVID-19. Em sua live semanal pelas redes sociais, Bolsonaro disse que o Brasil deve usar o produto criado em Oxford, e não “daquele outro país”, possivelmente fazendo referencia à China, que também trabalha no desenvolvimento de uma vacina.
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A vacina que está sendo desenvolvida pela Universidade de Oxford deve chegar ao Brasil na primeira quinzena de dezembro, segundo o Ministério da Saúde. O Brasil já encomendou 100 milhões de doses do medicamento e a expectativa do governo é que 15 milhões de brasileiros possam ser vacinados até o final deste ano.
Já a biofarmacêutica chinesa Sinovac Biotech começará nesta sexta-feira, em Belo Horizonte, a terceira fase de testes do CoronaVac, substância que se torna candidata à vacina contra coronavírus.
Os estudos serão realizados em conjunto com a Universidade Federal de Minas Gerais e contarão com a participação de 852 voluntários todos da área de saúde – o cadastro teve adesão de mil profissionais. A participação é restrita a médicos, enfermeiros e paramédicos e que também precisam atuar diretamente no cuidado de pacientes infectados pelo vírus.
Os testes foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por todas as outras entidades éticas e legais que regulamentam a área, é coordenada em todo o Brasil pelo Instituto Butantan, de São Paulo.
Em paralelo, o governo do estado do Paraná fechou uma parceria com a empresa farmacêutica chinesa Sinopharm. Já há preparação para o início do quarto teste de uma potencial vacina no Brasil.
Diplomacia
A provável alfinetada de Bolsonaro à China não seria a primeira entre seu clã de apoiadores. Em março, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, afirmou, pelo Twitter, que a ‘culpa’ pela crise do coronavírus seria da China.
A fala quase gerou um incidente diplomático. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, repudiou a declaração do deputado e exigiu um pedido de desculpas, afirmando que iria protestar e manifestar a nossa “indignação junto ao Itamaraty e a Câmara dos Deputados.
No início de abril, o ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, insinuou, também pelo Twitter, que a China poderia se beneficiar propositalmente da crise. Ele postou uma foto de uma revista da Turma da Mônica, cuja ilustração era dos personagens na China. E à moda Cebolinha, atacou:
“Geopolíticamente (sic), quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub.
Por causa dessa declaração, o ex-ministro virou alvo de um inquérito no o Supremo Tribunal Federal para apurar suposto crime de racismo cometido por Weintraub.