Em live transmitida pelo canal do YouTube do Jota (empresa de jornalismo e tecnologia), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, conversou, em conjunto com o youtuber Felipe Neto, sobre o debate político entre os jovens nos dias de hoje. A discussão estendeu-se a temas como fake news, discursos de ódio na internet, desinformação e eleições presidenciais. A conversa foi mediada por Felipe Seligman, co-fundador do Jota.
A pergunta que deu início à conversa abordou como levar o debate político aos jovens sem cair na armadilha do radicalismo. “Se a pessoa pensa diferente de você, ela tem que ser eliminada. Como a gente consegue trazer esse tema de engajamento juvenil?”, questionou Felipe Seligman aos convidados.
Sobre o tema, Barroso ressaltou a necessidade de acabar com essa incapacidade que existe no Brasil atual de pessoas diferentes debaterem ideias e argumentos sem atacar o outro. O presidente do TSE também citou a ditadura militar e como ela afetou o interesse do jovem na política. “Ocorreu, no Brasil, um hiato em que os jovens não se interessavam pela política. A política ficou sendo uma coisa de pessoas bem veteranas”. Felipe Neto endossou o posicionamento e comentou como a política era vista como uma coisa chata por grande parte da população jovem.
Para o youtuber, a globalização acelerada e a ascensão da internet colaboraram para o resgate do interesse do jovem no debate político. “O que era chato antes, passou a ser acessível para todos. Todo mundo pode agora gravar um vídeo e falar sobre política”, opinou.
Outras desafios abordados durante a live foram: como combater a propagação de fake news, de discursos de ódio no meio virtual e como, de modo geral, melhorar a qualidade do debate político nos dias de hoje.
‘Você combate as informações fraudulentas inundando o mercado com informações verdadeiras e com um processo de conscientização”, pontuou o ministro do STF.
Felipe Neto afirmou que esse ódio é articulado, mas que depende da ignorância do povo “que vai se permitir ser controlado”, disse. O youtuber afirmou que não houve no Brasil uma educação digital. “A necessidade de educação digital no nosso país é latente e urgente. Se nossa população fosse instruída sobre como utilizar WhatsApp, Telegram… sobre como não se permitir convencer por discursos de ódio, por notícias fraudulentas, essas pessoas estariam blindadas e teriam mais consciência antes de passar uma notícia a diante”, opinou.
Entre outras perguntas feitas pelo mediador, os convidados também comentaram a influência que o meio digital pode ter no cenário político, mais especificamente no processo eleitoral. Felipe Neto citou a eleição do presidente Jair Bolsonaro que, de acordo com seu pensamento, provavelmente não teria sido eleito em outros tempos. O youtuber também frisou a facilidade de se destruir a reputação de um candidato a partir do uso da internet e perguntou ao presidente do TSE uma estratégia para que as eleições não sejam impactadas diante disso.
“O direito e a legislação podem muito, mas não podem tudo. Há certas coisas que dependem da capacidade do mobilizar a sociedade, de mudar valores, conquistar corações e mentes e elevar as pessoas moral e espiritualmente”, opinou Barroso. O presidente do TSE disse que o objetivo é levar informação de qualidade e boa fé dentro do debate público para conscientizar as pessoas.