Brasília - O executivo André Brandão, que dirige o HSBC, é o novo presidente do Banco do Brasil. Ele aceitou o convite do governo para substituir Rubem Novaes, que deixou o cargo na semana passada, e ainda terá seu nome anunciado oficialmente. Um dos fatores que pesaram a favor da escolha do executivo é o fato de ele ter perfil considerado semelhante ao do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. "Um banqueiro jovem, mas bastante experiente, técnico, discreto e apolítico", explicou o integrante da equipe econômica do governo.
Novaes pediu demissão em meio a um desgaste causado pela sua defesa da privatização do Banco do Brasil, que não é bem-vista pelo presidente Jair Bolsonaro nem pelos militares do governo, e pela fala de resultados satisfatórios em sua gestão, segundo o Palácio do Planalto.
A escolha André Brandão é uma vitória da ala "pragmática" do governo sobre a "ideológica". Apesar de ser um nome com o aval do ministro da Economia, Paulo Guedes, o executivo é ligado também ao guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, que tem criado polêmicas e atrapalhado a pauta do governo no Congresso Nacional. Além disso, o desempenho do Banco do Brasil na área de crédito também era considerado insuficiente. Em meio à pressão, ele avisou ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Economia, no último dia 24, que estava de saída.
O governo vive neste momento uma "limpa" da área ideológica, justamente para agradar o mercado financeiro e, principalmente, o Legislativo e os partidos do chamado Centrão, que agora formam a base de apoio do governo Bolsonaro. Ao escolher um nome de mercado - Brandão tem 17 anos de HSBC e mais de uma década de Citibank - o consenso é de que o nome reforça o cacife de Paulo Guedes no governo. A confirmação do executivo no cargo depende de ritos internos do BB e do governo. Mas ele já aceitou a função.
PERFIL
Desde 2003 no HSBC, André Brandão atuava como chefe global da instituição para as Américas. Depois da venda do banco de varejo para o Bradesco, em 2016, o HSBC atua no Brasil apenas como banco de investimento - área chamada de "atacado" no jargão do mercado. Antes de chegar ao HSBC, o executivo permaneceu mais de dez anos no Citibank (outra instituição que, recentemente, saiu do segmento de varejo no país, que foi adquirida pelo Itaú Unibanco).
Desde 2003 no HSBC, André Brandão atuava como chefe global da instituição para as Américas. Depois da venda do banco de varejo para o Bradesco, em 2016, o HSBC atua no Brasil apenas como banco de investimento - área chamada de "atacado" no jargão do mercado. Antes de chegar ao HSBC, o executivo permaneceu mais de dez anos no Citibank (outra instituição que, recentemente, saiu do segmento de varejo no país, que foi adquirida pelo Itaú Unibanco).
Em 2015, o executivo depôs na comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigava supostos crimes de evasão de divisas de brasileiros com contas na agência de Genebra, na Suíça, do banco. Na época, ele negou que a instituição brasileira tivesse acesso a dados dos correntistas fora do país.
Brandão enfrentava no HSBC um movimento de redução de cargos executivos. Segundo reportagem da Reuters publicada em abril, ele permaneceria no cargo de dirigente para as Américas até o fim do ano, quando "novos anúncios seriam feitos". Outros diretores regionais do banco já foram demitidos.
Fontes do mercado financeiro consultadas disseram que Brandão é um respeitado executivo de mercado e que sua indicação para o Banco do Brasil manda uma mensagem positiva em termos de gestão.
Comissão quer ouvir ex-presidente
O ex-presidente do Banco do Brasil Rubem Novaes foi convidado a prestar esclarecimentos sobre o seu pedido de demissão do cargo. O requerimento com a solicitação foi aprovado na sexta-feira pela Comissão Mista do Congresso Nacional que acompanha a situação fiscal e a execução orçamentária das medidas relacionadas à pandemia do novo coronavírus.
“É fundamental a presença do senhor Rubem Novaes a esta comissão para que possamos compreender suas manifestações. O Banco do Brasil é um dos principais instrumentos de apoio do Estado brasileiro no combate aos efeitos da pandemia pela qual passa o país, servindo inclusive de instrumento de repasse dos recursos públicos para mitigação dos efeitos econômicos e sociais. Micro e pequenas empresas, por exemplo, têm se apoiado na Caixa Econômica Federal e no Banco do Brasil em busca de recursos para atravessar a queda drástica da economia”, justificou o senador Randolfe Rodrigues (Rede- AP), autor do requerimento.
Além de Randolfe, o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) já havia manifestado interesse em saber do ex-presidente do BB o que o levou a pedir demissão, no último dia 24. A comissão aprovou requerimento para que também seja ouvido em audiência pública virtual o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Von Doellinger. Em ambos os casos, a data das audiências ainda não foi definida.
Em nota divulgada quando pediu demissão, o vice-presidente de Gestão Financeira e Relações com Investidores, Carlos Hamilton, disse que o executivo tomou a decisão por entender que o Banco do Brasil “precisa de renovação para enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário”.