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Estado de Minas REPÚDIO

Entidades e políticos repercutem ameaça de Bolsonaro a jornalista em Brasília

Atitude do presidente, ao falar que tinha 'vontade de encher a boca do repórter de porrada', gerou críticas de diversos setores da sociedade


24/08/2020 08:53 - atualizado 24/08/2020 09:13

Atitude de Bolsonaro foi reprovada por diversos setores da sociedade(foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Atitude de Bolsonaro foi reprovada por diversos setores da sociedade (foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Ao ser questionado sobre o motivo dos depósitos recebidos pela primeira-dama, Michelle Bolsonaro, referentes ao ex-assessor Fabrício Queiroz, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ameaçou o autor da pergunta - repórter do jornal O Globo - de agressão, dizendo que tinha “vontade de encher a boca dele de porrada”. Após a fala, nesse domingo (23), diversas entidades, além de políticos, repercutiram a atitude do chefe do Executivo.

O jornal O Globo repudiou as agressões e salientou que o jornalista apenas cumpria sua função, de forma profissional. O veículo também afirmou que Bolsonaro "desconsidera o dever de qualquer servidor público, não importa o cargo, de prestar contas à população" e que continuará a fazer perguntas que precisam ser feitas, independente do governo.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ao O Globo que "a liberdade de imprensa é um valor inegociável na democracia". O parlamentar também disse que "espera que o presidente retome o tom mais moderado dos últimos 66 dias".

O tom moderado dos últimos dias, citado por Maia, também foi lembrado pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz. O líder da OAB afirmou que a moderação na fala do presidente estava “contribuindo para a pacificação do debate público” e que é “lamentável ver a volta do perfil autoritário que causa tanta apreensão nos democratas”.



Já o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, valorizou a liberdade de imprensa como “uma das bases da democracia” e classificou como “inadmissível censurar jornalistas pelo mero descontentamento com o conteúdo veiculado”.



A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), por sua vez, disse que o presidente "choca o país com seu comportamento grosseiro" e que tal atitude, além de demonstrar falta de educação, é "uma tentativa de intimidação da imprensa, buscando impedir questionamentos incômodos". A entidade pediu compostura do chefe do Executivo.



A Associação Nacional de Jornais (ANJ), por meio do presidente da entidade, Marcelo Rech, lamentou a postura "agressiva e destemperada" de Bolsonaro e disse que isso "não contribui para o ambiente democrático e de liberdade de imprensa previstos pela Constituição."

Personalidades questionam presidente


Após a ameaça de Bolsonaro, não demorou muito para que o assunto ganhasse repercussão nas redes sociais, ficando entre os mais comentados em nível nacional no Twitter, por exemplo. Palavras como “Bolsonaro”, “89 mil” (em alusão aos R$ 89 mil supostamente recebidos por Michelle Bolsonaro depositados por Fabrício Queiroz) e “Queiroz” ficaram entre as mais citadas.

Vários jornalistas e até mesmo personalidades utilizaram o Twitter para perguntar a Bolsonaro sobre os depósitos feitos por Queiroz a Michelle Bolsonaro, como forma de protesto. Celebridades como a atriz Bruna Marquezine e a cantora Anitta - que somam mais de 20 milhões de seguidores, juntas -, por exemplo, usaram a rede social para questionar o presidente.




Depósitos suspeitos


A revista Crusoé publicou este mês que Fabrício Queiroz, policial aposentado, amigo pessoal de Jair Bolsonaro e ex-assessor de Flávio Bolsonaro, havia depositado pelo menos 21 cheques para Michelle Bolsonaro no valor total de 72.000 reais entre 2011 e 2016. A revista afirma que a informação consta dos extratos bancários de Queiroz, cujas contas são investigadas pela justiça.

Queiroz e Flavio Bolsonaro estão sob investigação por suposta participação em um esquema para desviar os salários de funcionários do ex-gabinete de Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado no Rio de Janeiro.

O caso veio à tona no final de 2018, quando o órgão de controle de movimentos financeiros (COAF) descobriu transferências de dinheiro atípicas entre 2016 e 2017 em uma conta da Queiroz, no valor de 1,2 milhão de reais. Entre as transferências estava um depósito feito à primeira-dama no valor de 24.000 reais.

Após a divulgação da informação, o presidente alegou que se tratava de um único pagamento de uma dívida pendente com ele. Flávio, filho mais velho do presidente, afirma que a investigação é "uma nova jogada para atacar" seu pai. A primeira-dama não comentou o caso.


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