Em seu pronunciamento de defesa, na manhã desta sexta-feira (28), após ser afastado do cargo por 180 dias por decisão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC/RJ) citou alguns personagens da política para exemplificar uma suposta parcialidade e lentidão da Justiça brasileira: os ex-presidentes Lula e Michel Temer, além do ex-chefe do Executivo de Minas Gerais, Fernando Pimentel.
Witzel disse que o processo penal brasileiro está se transformando em um ‘circo’. O governador do Rio lembrou de Fernando Pimentel ao falar sobre a Operação Acrônimo, cujo inquérito que investigava o ex-chefe do Executivo de Minas por suposta lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos foi arquivado no mês passado. Michel Temer, que foi absolvido por obstrução de Justiça no caso da gravação feita pelo empresário Joesley Batista, também foi citado.
“O processo penal brasileiro está se transformando em um circo. O governador Pimentel, na Operação Acrônimo, levou cinco anos para dizer que não tinham prova contra ele. O processo contra o ex-presidente Temer, recentemente no Tribunal Regional Federal foi absolvido. A decisão foi de absolvição. O processo penal brasileiro está se transformando em um circo. Essas delações mentirosas estão sendo produzidas e usadas politicamente”, disse Witzel, que foi afastado do cargo com base na delação do ex-secretário estadual de Saúde do Rio, Edmar Santos.
Lula também foi mencionado por Witzel. O governador do Rio relembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF) apontou parcialidade de Sergio Moro - na época, ainda juiz - que julgou o ex-presidente como culpado, em um processo do caso Banestado. Para Wilson Witzel, a “democracia está ameaçada”, algo que o deixa “extremamente preocupado”.
"Eu não sou a favor de Lula, nem contra Lula, mas o Supremo Tribunal Federal está chegando à conclusão de que infelizmente o ex-ministro Sergio Moro foi parcial. E com essa decisão, o ministro Fachin foi muito claro, evitou-se que o ex-presidente Lula disputasse a Presidência da República", concluiu.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu afastar Witzel do cargo em razão de supostos desvios da Saúde do Estado. A corte determinou ainda a prisão do pastor Everaldo, presidente do PSC e do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, todos citados na investigação da Operação Placebo, que apura possíveis irregularidades em contratos fechados durante a pandemia no Rio.