Hoje completam-se 900 dias da execução, a tiros, da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Ela voltava de uma reunião com mulheres negras, quando o carro foi emboscado no centro da capital fluminense.
O veículo levou 13 tiros. Quatro acertaram a cabeça da parlamentar e três as costas do condutor. Dois homens estão presos, o sargento reformado da Polícia Militar Ronne Lessa, apontado pela Polícia Civil do Rio como autor dos disparos, e o ex-PM Élcio Queiroz, acusado de estar no carro que abordou as vítimas no dia do crime. Mas até o momento não há conclusão de quem mandou, executou e a motivação do crime.
A execução teve repercussão internacional e várias entidades pediram que os levantamentos de mandantes, executores e motivação do crime fossem acompanhados por instâncias internacionais "isentas", já que havia desconfiança de ligações entre as "forças de segurança pública" com um suposto "escritório do crime", formado por milicianos. O MPRJ suspeita que as mortes possam ser motivadas pela militância de Marielle com as organizações de direitos humanos.
Depois de indas e vindas, troca de acusações entre autoridades policiais e políticas, as investigações correm em "marcha lenta". A apuração do crime ficou por conta da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Ministério Público do Rio de Janeiro.
"Uma ingenuidade acreditar naquele contexto, onde as forças políticas inimigas dos direitos humanos já se faziam presente no Rio e se estendiam pelo Brasil, principalmente das milícias e dos movimentos fascitas já bastantes atuantes no estado," adverte Cecília Coimbra, fundadora e membro da diretoria colegiada do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), criado há 35 anos, "suprapartidário e sem qualquer participação ou apoio de partido político, para combater as violações dos direitos humanos", explica.
Em novembro de 2019, a Polícia Federal encerrou uma "investigação das investigações", que indicavam participação de políticos e policiais na tentativa de "obstruir" as apurações de responsabilidades.
Cecília diz não ter esperanças que o caso seja elucidado, "enquanto os grupos políticos de extrema direita estiverem à frente das organizações governamentais". Mas ressalta que a morte de Marielle frez "crescer sementes de movimentos e coletivos em defesa dos direitos humanos e contra a totura e a política de execuções praticadas pelo estado em todo o mundo". E aponta que a saída está no fortalecimento dos movimentos sociais "atualmente tão combatidos e criminalizados."
Heloisa Greco (Bizoca) - Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania lembra que a data coincide com o Dia Internacional de Homenagem às Vítimas de Desaparecimentos Forçados. É uma "coincidência histórica bastante significativa. Todo o legado da ditadura militar está aí presente: a institucionalização das execuções sumárias, da tortura, dos desaparecimentos forçados. Novecentos dias da execução de Marielle e Anderson sem nenhuma solução a vista. "
Ainda na nota, o instituto afirmou: "Na ocasião da execução de Marielle e Anderson, o Rio de Janeiro estava sob intervenção cujo comandante era ninguém menos que o atual chefe da Casa Civil (?), general Braga Netto. Houve, então, aumento exponencial da letalidade da polícia (aquela que mais mata no planeta) e nenhum avanço das investigações da execução de Marielle e Anderson – cenário que tem atingido níveis insuportáveis no governo Jair Bolsonaro, sobretudo durante a pandemia."
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Depois de indas e vindas, troca de acusações entre autoridades policiais e políticas, as investigações correm em "marcha lenta". A apuração do crime ficou por conta da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e Ministério Público do Rio de Janeiro.
"Uma ingenuidade acreditar naquele contexto, onde as forças políticas inimigas dos direitos humanos já se faziam presente no Rio e se estendiam pelo Brasil, principalmente das milícias e dos movimentos fascitas já bastantes atuantes no estado," adverte Cecília Coimbra, fundadora e membro da diretoria colegiada do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), criado há 35 anos, "suprapartidário e sem qualquer participação ou apoio de partido político, para combater as violações dos direitos humanos", explica.
Em novembro de 2019, a Polícia Federal encerrou uma "investigação das investigações", que indicavam participação de políticos e policiais na tentativa de "obstruir" as apurações de responsabilidades.
Cecília diz não ter esperanças que o caso seja elucidado, "enquanto os grupos políticos de extrema direita estiverem à frente das organizações governamentais". Mas ressalta que a morte de Marielle frez "crescer sementes de movimentos e coletivos em defesa dos direitos humanos e contra a totura e a política de execuções praticadas pelo estado em todo o mundo". E aponta que a saída está no fortalecimento dos movimentos sociais "atualmente tão combatidos e criminalizados."
Heloisa Greco (Bizoca) - Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania lembra que a data coincide com o Dia Internacional de Homenagem às Vítimas de Desaparecimentos Forçados. É uma "coincidência histórica bastante significativa. Todo o legado da ditadura militar está aí presente: a institucionalização das execuções sumárias, da tortura, dos desaparecimentos forçados. Novecentos dias da execução de Marielle e Anderson sem nenhuma solução a vista. "
Ainda na nota, o instituto afirmou: "Na ocasião da execução de Marielle e Anderson, o Rio de Janeiro estava sob intervenção cujo comandante era ninguém menos que o atual chefe da Casa Civil (?), general Braga Netto. Houve, então, aumento exponencial da letalidade da polícia (aquela que mais mata no planeta) e nenhum avanço das investigações da execução de Marielle e Anderson – cenário que tem atingido níveis insuportáveis no governo Jair Bolsonaro, sobretudo durante a pandemia."