Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

'É possível melhorar a preservação da Amazônia', diz Heleno

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, reagiu ao aumento das críticas à política ambiental do governo Jair Bolsonaro que ameaça o acordo comercial com a União Europeia e causa apreensão até mesmo no agronegócio. Em entrevista ao Estadão, Heleno disse que as denúncias têm o intuito apenas de prejudicar o presidente e que há um exagero nos dados divulgados fora do Brasil por "questões ideológicas", segundo ele.

Nesta quinta-feira, foi divulgado um vídeo em inglês que chama atenção para a queimada e pergunta de que lado as pessoas estão: da floresta amazônica ou do presidente Bolsonaro. Qual a sua avaliação?

Pelo vídeo parece que o Bolsonaro é o responsável por tudo o que acontece na Amazônia e o que acontece na Amazônia tem uma influência capital no restante do mundo. Tem várias informações ali mal intencionadas. Existem obviamente interesses ideológicos e políticos por trás de todo o vídeo.

Mas o desmatamento na Amazônia existe...

Nós temos consciência de que é possível melhorar a preservação da Amazônia. No entanto, os que nos criticam jamais fizeram pelo meio ambiente nem um décimo do que Brasil faz. A Amazônia tem 80% da sua cobertura vegetal preservada. Existe desmatamento? Existe. Está se lutando contra isso? Sim. Estamos empregando muitos recursos humanos, materiais, meios aéreos para diminuir isso aí. A acusação ao Brasil é injusta, desonesta. A prova que não é para melhorar é transferir as críticas para uma pessoa que está há um ano e oito meses no cargo.

No governo há espaço para uma autocrítica sobre a política ambiental?

Lógico que existe. Tanto é que o vice-presidente Hamilton Mourão se propôs a ser o presidente do Conselho Nacional da Amazônia para haver um esforço para diminuir o desmatamento, a exploração ilegal de madeira. Isso se arrasta há algum tempo. Se nós não dermos aos famosos povos da floresta condições de viverem com todos os recursos do século 21, eles vão buscar esses recursos, às vezes, em atividades ilegais. Existem organizações não governamentais cujo esporte preferido é falar mal da Amazônia. Por trás disso, existem interesses muito grandes, muito acima de interesses ambientais e preservação.

O sr. diz que há uma ofensiva patrocinada contra o presidente usando a Amazônia. Quem são essas pessoas?

Eu não sei. Não tenho meios para fazer uma relação. É uma espécie de obsessão de colocar uma parte do mundo contra a Amazônia, como se tudo que fosse feito na Amazônia tivesse a repercussão que eles dizem que tem e como se fossem coisas muitas fáceis de serem evitadas. A Amazônia é a maior riqueza do Brasil e do mundo. Não há boas intenções (dos que criticam) com relação à Amazônia. Há intenções de condenar o Brasil para tentar fazer com que a Amazônia seja internacionalizada.

O vice-presidente Mourão disse que o acordo Mercosul-União Europeia poderia "fazer água" pela questão ambiental. O senhor concorda?

Sim, exatamente pela propaganda negativa que estão fazendo na Amazônia. As fotos da Amazônia são concentradas no leste do Pará, ali, ao longo do tempo, houve realmente um excessivo desmatamento, há uma exploração de madeira e a razão óbvia é porque tem como escoar essa produção pelas estradas que existem ali. Eles pegam as fotos de uma parte da Amazônia e querem transformar aquilo para a visão mundial como algo que acontece na Amazônia inteira. O que dizem da Amazônia é típico de quem nunca botou os pés lá. Conhece sentado na Europa ou sentado em barzinho da Zona Sul. Esses são grandes críticos da Amazônia.

É possível reverter a imagem do Brasil sobre sua política ambiental?

Lógico que dá para reverter, porque a propaganda é desonesta. Propaganda exige uma contrapropaganda, que custa recursos e a situação que estamos vivendo no mundo não é de recursos à vontade. O Brasil estava decolando, de repente veio a pandemia que virou de cabeça para baixo a situação do País. Esse mesmo governo que é acusado de genocida e autoritária, o que também não tem fundamento nenhum, colocou R$ 1 trilhão para tratar do Covid e os traumas da economia. Nada disso está sendo reconhecido.

Entidades que atuam na causa indígena denunciam um genocídio de índios durante a pandemia do da Covid-19. O governo errou nessa enfrentamento, o que dá para melhorar?

Os dados da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) até a terceira semana de agosto mostram 21.310 casos confirmados, 353 mortes por covid-19, isso tudo é dado controlado. A taxa de letalidade média entre as populações indígenas assistidos pela Sesai é 1,7%, bem abaixo da taxa população brasileira que é de 3,1%.

São dados muito diferentes da associação.

Claro, os dados da ONG são robustecidos por interesses dessas ONGs.

O presidente vetou o direito de acesso à água potável aos povos indígenas durante a pandemia, mas o veto acabou derrubado pelo Congresso. Não é isso que reforça as críticas ao governo?

O governo não pode assumir o compromisso de uma coisa que não tem recursos materiais nem humanos para fazer.

Outra crítica frequente é que a Funai não atua pela proteção aos indígenas, mas na defesa do política do presidente que é contra demarcação de terras indígenas.

O presidente em nenhum momento declarou que é contra a terra indígena. O que ele diz é que, durante o governo dele, diante de demarcações que foram realizadas sabidamente com laudos fraudulentos, que ele não estava mais disposto a demarcar mais terras indígenas nessas condições. Os indígenas querem ter acesso aos confortos e benefícios do século 21, internet, televisão, universidade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



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