O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu na sexta-feira (4) converter a prisão do presidente do PSC, Pastor Everaldo, de temporária para preventiva (que não tem prazo para acabar). A determinação do ministro atende a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
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"Everaldo instituiu uma 'caixinha única' para pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos da organização criminosa sob investigação, a partir do direcionamento de contratações de organizações sociais e na cobrança de um 'pedágio' sobre a destinação de 'restos a pagar' aos fornecedores", diz representação da subprocuradora-geral Lindôra Araújo ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Para "administrar a caixinha", ainda conforme os investigadores, Everaldo teria criado uma "típica estrutura ramificada de organização criminosa, com divisão de tarefas entre integrantes do grupo", entre eles Witzel e o ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Santos, que fez acordo de delação premiada.
Em nota, o PSC informou que "considera desnecessária a prisão do Pastor Everaldo, um cidadão que sempre esteve à disposição das autoridades". "O PSC confia na Justiça, entretanto alerta que a criminalização da política fragiliza a democracia. O ex-senador Marcondes Gadelha segue na presidência do partido e o calendário eleitoral da legenda permanece inalterado", disse o partido.
Perfil.
Da candidatura nanica ao Planalto em 2014 até a prisão pela Polícia Federal, a trajetória política de Pastor Everaldo ficou marcada pelo "batismo" do presidente Jair Bolsonaro no Rio Jordão, em maio de 2016. Católico, Bolsonaro, então deputado federal, fez, na ocasião, um aceno aos evangélicos, hoje parte importante do seu eleitorado.
Dois anos depois, o pastor ganhou poderes na política do Rio. Presidente do partido de Witzel, Everaldo foi o responsável por estimular a candidatura do ex-juiz ao governo do Estado. Era visto com frequência no Palácio Guanabara, embora não tivesse cargo público. Além da Secretaria de Saúde, foco da investigação sobre desvios durante a pandemia do novo coronavírus, o pastor da Assembleia de Deus mantinha influência também na Cedae, empresa pública de água e esgoto.