Jornal Estado de Minas

Entrevista

'O diálogo precisa ser ampliado', diz senador Rodrigo Pacheco

O Democratas deve compor chapa de oposição ao prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que busca a reeleição. Em entrevista ao Estado de Minas, o presidente do DEM em Minas Gerais, o senador Rodrigo Pacheco, disse que a tendência é o partido indicar o vice do deputado estadual João Vítor Xavier, pré-candidato ao Executivo municipal pelo Cidadania. 


“O diálogo precisa ser ampliado. Não se governa uma cidade sozinho”, afirma o congressista. Pacheco acredita que o DEM terá candidatos em mais de 200 municípios mineiros.



O senador destaca, ainda, que a articulação política de Jair Bolsonaro (sem partido) precisa ser aprimorada. Mesmo assim, crê que a recente postura do presidente, menos explosiva que de costume, é positiva. Sobre o governador Romeu Zema (Novo), Pacheco ressalta a crise financeira que assola o estado como fator dificultante.

Favorável à criação de um Tribunal Regional Federal no estado, ele se prepara para convencer senadores a votar favoravelmente ao projeto do TRF-6.

Como o senhor avalia as gestões do governador Romeu Zema e do prefeito Alexandre Kalil?
 
O governo Zema enfrenta as dificuldades próprias de um Estado com péssima situação fiscal. Ter boas ideias é um primeiro passo. Mas executá-las depende de fazer política de alto nível, liderar a união dos mineiros em torno de um grande projeto de desenvolvimento e dar a Minas prestígio nacional, o que infelizmente ainda não encontramos. Já o governo do prefeito Kalil se vale de uma prefeitura que tradicionalmente tem muitos recursos. A cidade é rica e, por isso, acho que podíamos estar numa situação melhor, com mais obras de infraestrutura, nas áreas menos favorecidas, melhor atendimento na saúde, mais limpa e com menos pessoas em situação de rua. E fundamental: o diálogo precisa ser ampliado. Não se governa uma cidade sozinho. A sociedade precisa ser ouvida para superarmos os inúmeros desafios.

Como o senhor avalia o governo do presidente Jair Bolsonaro?
 
As prioridades e o planejamento do governo Bolsonaro acabaram sendo muito prejudicados com o advento da pandemia. É difícil medir resultados em um momento muito atípico das vidas brasileira e mundial, mas considero que o governo tem acertos, especialmente sob o aspecto econômico. Há alguns erros de articulação política que precisam ser corrigidos, mas o fato é que, nos últimos tempos, especialmente com uma mudança de comportamento do presidente, menos polarizado e inflamado, com propósitos mais claros de administração e conversas com as instituições, a situação tem melhorado. Muito precisa ser feito em termos de reformas, como a tributária, a administrativa, alguns aspectos de reforma política e ajustes de reformas previdenciárias nos estados. Tudo isso ainda precisa ser feito para o Brasil sair desta pandemia com um horizonte de recuperação. Confio muito na maturidade e no diálogo entre os poderes, com a participação do governo federal liderando o processo de unificação do país. É isso que espero e por isso que trabalho.





Como o Democratas vai se posicionar na eleição municipal deste ano?
 
O Democratas, em Minas, cresceu consideravelmente no último ano, tanto em número de filiados quanto presença em municípios. Estamos, com diretórios ou comissões provisórias, em mais de 600 cidades. Teremos candidaturas em cerca de 200 municípios do interior e, também, algumas na Região Metropolitana. Nas cidades com mais de 50 mil habitantes, que são 71, teremos de 35 a 40 candidaturas a prefeito ou vice. Em Belo Horizonte, vamos realizar a convenção no dia 14 para definir a chapa de vereadores, uma prioridade de investimento e incentivo que temos. Devemos, também, definir uma pré-candidatura e consolidar uma candidatura a vice-prefeito. Há, hoje, um caminho muito próximo ao deputado João Vítor Xavier, pré-candidato a prefeito de BH pelo Cidadania.

O senhor pretende atuar em prol da criação do TRF-6 em Minas?
 
O Tribunal Regional Federal de Minas Gerais é tão importante quanto necessário, não para o estado, mas para a Justiça do Brasil. Minas corresponde a quase 40% da demanda do TRF-1, em Brasília. A criação de um tribunal em Minas significa que outros doze estados, mais o Distrito Federal, terão melhor qualidade jurisdicional e mais eficiência em segunda instância com um TRF exclusivo para eles. E, em Minas Gerais, da mesma forma: o TRF-6 já nascerá com boa demanda. É uma das maiores necessidades da Justiça do país a criação do TRF de Minas. E, da forma como ele está sendo concebido, há um remanejamento de recursos: em vez de se concentrar em outros tribunais, se redistribuem cargos e estrutura. Não se construirá uma nova sede, (o TRF) será na sede da Justiça Federal em primeira instância. É o mesmo orçamento, com remanejamento para aplicar na segunda instância. Não adianta ter grande estrutura da Justiça Federal em primeira instância se há decisões rápidas e o recurso não é julgado nunca. Há decisões referentes a aposentadorias na primeira instância e, quando há o recurso, demora cinco, seis ou até dez anos para ser julgado. A pessoa só se vale do direito após a segunda instância. Então, é inteligente redistribuir a Justiça. Vamos defender a criação do TRF e começar a debater com os senadores, convencendo que não há aumento de despesas e que é necessário para a Justiça do Brasil.